Fotos que nos revelam UM mundo. . .

Painel-Historico-Movimento-Estudantil

Revista Manchete. Março de 1968. Estudantes velam o corpo de Edson Luís, assassinado covardemente durante manifestação no restaurante Calabouço, no RJ. O motivo do ato? melhorias para xs estudantes que, como Edson Luís, vinham de longe em busca do sonho do diploma no ensino superior, um futuro, um trabalho e etc. E como pano de fundo de tudo isso um golpe militar, uma maquiagem de democracia. naquele ano o regime tiraria suas máscaras e ocorreria o chamado ‘golpe dentro do golpe’. a aprovação do AI5, o decreto-lei 477 e a truculência, agora abertamente contra quem se colocava contra a regime iria durante até 1985 (se bem que ainda hoje tamo vendo os resquícios, né?). o assassinato de Edson Luís foi o estopim pro embate entre população civil e regime. a marcha dos 100 mil foi motivada pelo heroico sacrifício desse jovem esperançoso. seu sacrifício não foi em vão. seus algozes foram varridos do tempo e da memória de nosso povo. Edson Luís vive em cada nova manhã de luta que nos aparece.
Edson Luís vive!

 

“quem cala, morre contigo”. nós gritamos ecoando sua voz!!

Fotos que nos Revelam o Mundo. . .

fidel e X
Não se engane com esses sorrisos. Essa foto, tirada em 1960, retrata um momento mundial histórico e, como não se pode fugir à regra em uma sociedade dividida em classes, polêmica.
Fidel havia ido aos EUA para uma assembleia geral da ONU, em uma época aonde as relações entre o país e Cuba não iam bem. Um ano antes o movimento 26 de Julho, liderado por Fidel Castro, havia realizado uma das maiores manifestações popular da história, deposto um ditador (Fulgencio Batista) e realizado mudanças substanciais na ilha, que, com certeza, não foi do agrado das ex-elites cubanas, e de seus vizinhos. Era o fim das noitadas nos cassinos cubanos, como relatou o ator Errol Flynn? (“Revolution: The Truth About Fidel Castro” (http://www.youtube.com/watch?v=wnEFg30lP5c).
O problema se deu quando a delegação cubana se hospedou justamente no hotel Theresa, no Harlem, bairro tradicionalmente conhecido por ser habitado por negros, além de Fidel promover uma reunião com diversas lideranças do movimento negro americano, entre elas uma que era inimiga declarada do governo americano: Malcolm X.
O governo americano estava naquela de “ver até onde iria” a situação em Cuba, e Fidel, por sua vez, havia se declarado “Marxista-Leninista”. Traduzindo: o clima não era muito bom entre os vizinhos. De fato, em 1961 Eisen Hower romperia relações com a ilha e John F. Kennedy ordenaria a invasão a Baía dos Porcos, logo após tomar posse do governo.
Essa atitude levaria Cuba a fechar relações com a URSS e fazer uma das maiores denuncias em relação à autodeterminação dos povos, sobretudo quando se anunciou que a CIA apoiou, treinou e equipou os exilados e dissidentes cubanos naquele ataque, que foi um verdadeiro fiasco político e militar

 

Das Leituras. . .

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Os Outubros de Taiguara, da jornalista Janes Rocha, é uma leitura obrigatória pra quem deseja se aprofundar na história cultural do país, sobretudo enxergar os caminhos que o país andou antes, durante e depois de 1964. Criado sob as influências da era de Ouro do rádio, filho de pais músicos,Taiguara Chalar da Silva bebeu da Fonte de nossa melhor cultura popular, se aprofundando também no que era nossas raízes latino-americana. Na juventude viveu a efervescência dos grandes festivais e do movimento Cultural Universitário (o CPC da UNE e etc.), vivenciando mais tarde aquela que foi a maior luta contra a censura de nossa música (hoje confirmado. Taiguara foi o cantor mais censurado pelo regime) e tendo sido lutador, até nos deixar em 1996, não sem antes viver a retomada da democracia e ver o surgimento da indústria Cultural fonográfica, sobretudo nos monopólios formados de rádios, TVs e as grandes gravadoras no final dos anos 80/começo dos anos 90. Conhecer esse artista é conhecer o nosso país, nosso povo, nossa história. O mais interessante nisso tudo é o fato de Taiguara ser o maior músico, cantor, compositor, letrista e intérprete de nossa música. E isso não é opinião minha, mas o processo de apagamento, hoje diminuído pelo advento das mídias digitais, q sua obra viveu ganha nova luz com essa biografia maravilhosa. Repito, leitura obrigatória pra quem gosta de boa música e desejar conhecer mais esses grandes personagens que marcaram nossa história.
Mais. . .

Uma falsa Polêmica. . .

bolsonaro

Foto do blog Farol de Notícias, de Serra Talhada. 

 

“O homem, charmar-lhe mito, não passa de anacoluto”.

(Carlos Drummond de Andrade).

 

A polêmica do outdoor do bolsonaro ocorrida no sertão pernambucano (Serra Talhada), levanta algumas discussões que precisam ser refletidas. Me chamou a atenção o debate em torno do que é ou não intolerância. Pra mim, uma falsa polêmica. O ato de aceitar ou não, pontos de vista diferentes ou a ausência de tolerar, ou seja, não suportar certos pontos de vista, esconde alguns debates um pouco mais urgentes. Me parece óbvio que, uma figura que propaga o ódio e a intolerância não pode esperar outra coisa se não intolerância. No caso de bolsonaro acredito que não temos mesmo que suportar tal afronta. Sim. Violência e intolerância. É isso que a figura inóspita desse ser suscita: Racismo, machismo, preconceito, arrogância, ignorância, intolerância, tortura, homofobia, xenofobia, fascismo, e tantos outros males intoleráveis para essa sociedade que, não à toa, rechaça esse tipo de atitude, haja vista a opinião acerca do que foi os 21 anos de regime militar, período mais corrupto, traiçoeiro, antidemocrático e violento de nossa história nacional.

Exaltar nomes como Ustra, criador de manuais de tortura no famigerado DOI-codi, onde morreram mais de 50 pessoas sobre seu comando, além das denuncias de estupro, seqüestro, cárcere privado, choques e outras atrocidades patrocinados por empresários da estirpe de Albert Boilesen e da CIA, que patrocinou, ensinou e promoveu o terrorismo em nosso solo e em toda a America Latina. Ou seja, nossa sociedade (a despeito de certos grupos conservadores, muitos deles escondidos na covardia dos porões deixados cobertos pela ‘tímida’ lei de Anistia) é contra todas as atrocidades promovidas pelos militares e seus monstros. Para o fascismo, tolerância zero. Mais violento do que pichar o outdoor do bolsonaro é a figura do mesmo. A atitude de exaltar um monstro. O que podiam esperar de quem se presta a destilar o ódio?

E é preciso que se reveja algumas inverdades: Reproduzir as velhas mentiras sobre Che Guevara, Marighella, e a luta armada, momento justo de enfrentamento aqueles que usurparam um governo legitimamente eleito pelo povo, é, mais uma vez, covarde e mesquinho. Os dados utilizados são os mesmos, repetidos, como as mentiras acerca da URSS, tão difundidas por nomes como W. Hearst, chamado “pai da imprensa marrom”, que durante décadas dedicou-se a espalhar mentiras com seus 25 jornais, 24 semanários, 12 rádios e as muitas agências de notícias internacionais. É aquela velha história: os nossos livros de história diziam (alguns ainda dizem) que o brazil (com Z mesmo) foi “DESCOBERTO” pelo Português europeu salvador e etc. os mesmos livros que dizem que vivemos numa democracia racial, cultural e outras mentiras.

 Do mesmo modo surge o medo e o sentimento de ódio pela academia. Dizer que a UAST é um foco de subversão, de organização e sublevação me parece, também, óbvio.  O ambiente acadêmico é desconhecido por certos setores que, como de praxe, se utilizam da arrogância, argumento de quem não tem argumento. A “federal” assusta por ser um ambiente de debate, de construção, de diálogo e, portanto, de resistência. A universidade seria assim, mesmo se não existisse sindicalismo, movimentos sociais ou mesmo as tão odiadas pelas elites, as ciências humanas, as mesmas que uma galera não entende muito, não gosta muito, especialmente quando o professor ou professora está em aula, deixando alguns para desabafar nas redes sociais (a fogueira das vaidades) sua militância e insatisfação contra a ‘doutrinação marxista’ dos cursos das federais. Lembro da aula pública ano passado, promovida pelo núcleo de direitos humanos da UAST onde, covardemente, desligaram a energia durante a fala de uma das professoras enquanto denunciava o golpe, ou os cartazes espalhados pela unidade com fotos e dizeres da página orgulho hetero, sobre a redução da maioridade penal. Detalhe: um dia antes tinha ocorrido uma palestra sobre o tema, com uma psicóloga e um advogado. O argumento de alguns menos medrosos: “não adianta ir, dar nossa opinião. Vocês não iriam nos respeitar”. É quase tão contraditório quanto defender o estado mínimo, mas não abrir mão da vaga numa instituição pública ou a futura carreira no setor público adquirida futuramente num concurso. “mérito meu, claro”.

Esse debate sobre a universidade me lembra o texto “Universidade para Quê?” do Darcy Ribeiro. É um texto pequeno. Não se acanhe em ler. Outra: ele não é marxista, só pra constar. Pode ler sem correr riscos de doutrinação. A universidade incomoda, justamente por ser um espaço de discussão. Ponto. Academia é isso. Pronto. Questionar os movimentos sociais ou a vida de quem participa do mesmo? Isso é a coisa mais normal. Os movimentos sociais têm origem no povo, com todas as suas nuances e colocações. Não possui a sombra de nomes que não podem ser ditos. Se quer tocados. O erro de quem pichou o outdoor, em minha opinião, foi não ter assinado. E falando em erro, a consoante esquecida do substantivo masculino em questão, deve-se, eu acho, a dois reflexos de nosso povo: a falta de mais investimentos em educação e o não uso de termos por nosso povo. Fascismo é palavra feia. É palavrão. Não estamos habituados a usar esse tipo de substantivação. Os brasileiros e brasileiros não compactuam ou concordam com essa aberração.

Ainda sobre a questão da educação, o caminho do menor esforço, tão espalhado pelo chauvinismo autoritário dos herdeiros de hitler, parece mais viável. Pra quê gastar com saúde, educação, lazer e cultura, se podemos castrar ou matar, punir, reduzir a menoridade, pagar menos as mulheres, educar melhor nossos filhos para eles não ousarem se misturar com negras ou colocar uma arma em cada par de mãos e pronto. Resolvido o problema: Rafael Braga preso, Amarildo Dias morto, Thor Batista desfilando numa Mercedes de R$3 milhões (importada, claro) e a escola COM partido. Pensar dói. Refletir exige bem mais de nós. É por isso que é mais fácil jogar com o desespero e a desinformação. O senso comum é isso.

Em época de golpe, a Desobediência Civil (de Thoreau. olavo não) é esperada. Interessante. Lembro que, para poder fazer uma arte coletiva na fachada da UAST, durante a ocupação ano passado (ocupação do público. Complexo, não?) pedimos liberação a direção local da unidade. Interessante: organizações como o Coletivo Fuáh (axé!), movimento Diverso, eBasta, Macondo, NDH, DCE, DAs e etc. encontram espaço nesse mundo chamado universidade. Absurdo, né? Sabe uma coisa que deveria incomodar? Meu candidato pegar dinheiro sujo e devolver. Estranho, né? Ele ainda pegou. Pegou pra quê mesmo? Não sei. Sei que esse episódio me fez lembrar os versos do Renato Russo na canção “La Maison Dieu”:

 

 


“Eu sou

A pátria que lhe esqueceu

O carrasco que lhe torturou

O general que lhe arrancou os olhos

O sangue inocente

De todos os desaparecidos

Os choques elétricos e os gritos (…)

Eu sou a lembrança do terror

De uma revolução de merda

De generais e de um exército de merda

Não, nunca poderemos esquecer

Nem devemos perdoar

Eu não anistiei ninguém

Abra os olhos e o coração

Estejamos alertas

Porque o terror continua

Só mudou de cheiro

E de uniforme” (…)

 

 

Fámilia: Peça de Museu ou Decoração?

família composta

Arte do livro Família Composta, peça de teatro de Domingos Pellegrini

 

As condições materiais são determinantes e definitivas, quando falamos sobre viver em uma sociedade cada vez mais consumista. Constituir família, criar filhos, possuir uma renda que possibilite uma instabilidade para educar, manter, e assegurar um futuro para aqueles que amamos são termos pouco utilizados, pela grande parcela da população, e escassos quando partimos “para a ponta do lápis”.

A sobrevivência econômica e financeira depende exclusivamente do modo de produção a que a sociedade está inserida, e esse modo de produção é quem define todo o perfil desse ente, chamado sociedade. Assim, podemos notar o quanto a família mudou com o passar dos anos e como vem se modificando cada vez mais.

Hoje já não é tão comum a ideia de se casar tão cedo, ter vários filhos, a mulher cuidar exclusivamente dos afazeres domésticos enquanto o homem, provedor absoluto, sustenta a família a qualquer preço. O mundo mudou. Com uma economia cada vez mais globalizada e as necessidades de mão de obra urgente, as lutas do movimento social em prol de garantia de direitos e a emancipação feminina, seja pela conquista do voto ou de mais espaço no ambiente de trabalho, deixam claro que o modelo de família não cabe mais em nossos dias, e isso é natural. A sociedade apenas possui costumes e tradições (apenas) que não são imutáveis, como querem assegurar algumas religiões.

Difícil achar quem queria hoje, aos seus dezoito ou dezenove anos, casarem, terem dois ou três filhos e morarem de aluguel em algum bairro perto do subúrbio. Mas o que mais chama atenção é a forma como o estado se coloca em relação a esse tema, seja, ora visando o paternalismo assistencialista (como é o caso do programa Minha casa, Minha vida ou bolsa família) ou se colocando totalmente alheio a questões como a garantia de uma educação pública de qualidade e uma saúde digna.

Assistir as famílias carentes é mais que um dever, é obrigação do estado, especialmente se tratando de um estado capitalista, que ao longo dos anos só entregou a grande população negra, pobre e carente de nosso país a exploração, o analfabetismo a droga e a violência, sem nem precisar repetir nossas origens históricas nessa colônia de exploração. Por outro lado, apenas manter programas assistencialistas sem ir fundo na solução para os problemas sociais que enfrentamos no Brasil não irá sair de nosso canto e continuaremos a ver navios, sejam eles negreiros ou não.

Em um estado onde se confunde “educar” os filhos com “criar” os filhos, a educação pública serve apenas para, literalmente, enxugar gelo, não há saúde pública ou condições mínimas da mulher que é mãe trabalhar tendo onde deixar seus filhos, por exemplo, são sintomas de como a carga está toda jogada na cabeça desse ente chamado família, bombardeada por todo o tipo de visões e preconceitos que já deveriam ter sido extinguidos, como a imposição religiosa sobre o casamento, a manutenção da visão escravizante da esposa como “mantenedora do lar”, tornando-a quase uma empregada destinada a chamada jornada dupla (ou tripla, se ela for mãe) fora as ideias degeneradoras como o falso mito da liberdade sexual, a divinização da prostituição ou o feminismo que coloca o homem como o principal inimigo da mulher.

A realidade deixa cada vez mais claro que as origens da degradação feminina tiveram inicio com a propriedade privada. A mulher, que antes era mercadoria de troca para os acordos familiares, os dotes e etc., também herdou a parte privada da sociedade através do formato do casamento, o que mostra em nossos dias como essa busca pelas aparências e as exigências do novo momento do capital tem sido decisivos para desmantelar a família e fragmentar as relações afetivas, sexuais, amorosas na sociedade. Uma sociedade cada vez mais doente e cheia de contradições ainda mais visíveis.

A fragmentação da família e só mais uma demonstração de como nossa realidade é modificada e tem se destruído, à medida que as crises de produção se mostram cada vez mais fortes. Dos romances de Eça de Queiroz e Machado de Assis, aos noticiários das seis vemos o quanto sentimentos como carinho, amor e respeito tem sido jogados na lata do lixo ou substituídos por relações frias, distantes e descartáveis. O capital transforma tudo em produto. Só outra sociedade para salvar o pouco que ainda resta dessa peça de museu chamada família.

 

 

“Não é Uma Partida de Futebol”…

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Recentemente a mídia noticiou a busca pela música da Copa de 2014. Interessante notar como a cultura, de um modo geral, mais uma vez, é manipulada em benefício das grandes mídias e corporações. Em 2002 a canção “Deixa a Vida me Levar”, de Serginho Meriti, foi escolhida como a música da Copa da Coréia/Japão após os jogadores da seleção serem vistos cantarolando a canção e as rádios divulgarem massivamente a música. Outro grande sucesso quando se fala em futebol foi lançado em 96: “É Uma Partida de Futebol”, de Nando Reis e Samuel Rosa, foi eleita um dos hits da copa de 98 além de receber diversos prêmios.

E o que tem por traz de toda essa mídia? As duas músicas foram lançadas pelas duas maiores gravadoras do mundo, a Sony Music, segundo maior grupo de gravadoras do mundo, patrocinadora das Copas do Mundo da FIFA e que vai dirigir e lucrar com todos os shows durante o evento no Brasil. Outra multinacional milionária é a Universal Music, maior gravadora do mundo, envolvida em escândalos e processos como suborno em estações de rádio, o chamado “Jabá” (o pagamento as rádios para divulgar seus artista e suas músicas), abusar dos direitos autorais e a perseguição a sites de compartilhamento de conteúdos como o Megaupload em 2012, a remoção de vídeos do Youtube, numa tentativa de dizer o que se pode ou não ser ouvido.

Do mesmo modo que tentaram transformar o futebol em um grande comércio a nossa música também sofreu inúmeros golpes no capitalismo, a exemplo de Taiguara, cantor mais censurado durante a ditadura no Brasil (64-85) que sofreu um processo de apagamento de toda sua obra perante a mídia ou Victor Jara, um dos maiores artistas da música na América Latina, assassinado pela ditadura de Pinochet em 1973 no Chile. No Brasil a copa do mundo vai tentar “amenizar” os males causados pela exploração nossa de cada dia, e essas músicas, amplamente divulgadas durante a Copa serviram, como na Copa do México de 70 com a música “Pra Frente Brasil”, que além de propagar o regime, escondeu o auge da repressão do governo Médici.

Essa Copa merece duas músicas de nosso cancioneiro popular esquecida pela grande mídia, de autoria de um de nossos maiores compositores: Gonzaguinha. A primeira, gravada por ele em 1978, do disco “Recado”, intitulada “E por Falar no Rei Pelé”, tece uma profunda crítica a situação do brasileiro no dia a dia do país do Futebol:

 

 

 

“Craque mesmo é o povo brasileiro/corre o campo, se esforça o tempo inteiro/ carregando esse time de terceira divisão/nesse jogo sem gol/ (…) Craque mesmo é o povo brasileiro/
com os “homi” em cima na marcação” (…)

 

A segunda, do ano de 1979, gravada pelo grupo MPB4, chamada “Se o meu Time não Fosse Campeão” é outra crítica a maneira como o futebol é utilizado para alienar a grande população:

 

“E ele gritou gol, fiel à paixão/
Salve o meu time querido, do meu coração!” /
Botou um sorriso na fome e se mandou pro bar/
Esqueceu o cansaço da luta e foi lá bebemorar/ (…)

“Nem ligo se tô atrasado no meu aluguel/
E daí se aliança da nega tá lá no penhor?/
Por mim, que se dane o gringo, o banco e o papel/
Tem birita de sobra no copo, acabou minha dor…”

 

Coincidentemente as duas gravadoras que lançaram essas duas músicas (EMI-Odeon e Polygram) foram compradas pelas multinacionais Sony e Universal Music, que não divulgam tais canções.

Apesar do que tenta expor a mídia, seja pela sua ideologia espalhada por meio de nossa cultura ou pela tentativa de manipular nossos sentimentos, o povo brasileiro não tem deixado se enganar pela propaganda de que a Copa do mundo vai mudar tudo que está errado em nosso país e tem novamente tomado às ruas, deixando claro que não iremos deixar a vida nos levar e que ela, definitivamente, não é uma partida de futebol.

 

 

 

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Quatro Mentiras Propagadas Sobre a DITADURA!

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“O Brasil é um país sem memória”, propaga incessantemente por meio de seus ideólogos das elites a imprensa brasileira, as mesmas que escondem e escondem-se dos fatos e sobre os fatos. Um desses fatos que foi tratado de ser escondido foi a ditadura militar de 64-85. Essa história, aliás, escrita com sangue, mutilada, sequestrada, torturada e perseguida. Ainda assim, apesar de toda tentativa de propagar o esquecimento, a face verdadeira da história ressurge e denuncia, clama por justiça as muitas vozes que não se podem silenciar, muito menos esconder.Falar sobre as mentiras relativas ao golpe de 64 e da imposição do regime ditatorial, os longos 21 anos de atraso não é tarefa das mais fáceis, não por falta de assunto ou ocasião. Falta mesmo é espaço, papel, espaço em branco para tanta mentira. Como não se pode falar sobre todo processo dos anos de chumbo, vou me deter em apenas quatro. Quatro mentiras que surgem nessa época de mobilização, onde uma juventude vai às ruas, muitas delas sem saber que esse direito, hoje quase escancarado, custou muito caro.

 

 

1)      Não houve golpe:

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Que as articulações envolvendo as elites do país e os embates nos diversos seguimentos, que culminaram, mais tarde, no golpe e no consequente enfrentamento já estava sendo arquitetado bem antes, é fato. De um lado, os movimentos sociais organizados, a materialização de diversas conquistas, um governo progressista à frente do país e, do outro, uma elite e suas posses, num mundo dividido pela guerra fria em uma América latina caminhando para intensos processos de reformas e revolucionários. O país vivia um histórico despertar político e social.

O Brasil se recuperava da era Vargas, e já era alvo de um novo golpe, esse já estava ensaiado. Em 25 de agosto de 61, após a renuncia de Jânio Quadros, tentaram impedir a posse do vice, João Gulart, na época em viagem à China. A chamada “Campanha da Legalidade”, comandada por Leonel Brizola, conseguiu barrar as forças armadas e contou com o forte apoio dos movimentos sociais, como a UNE. O interesse era claro: tomar o poder.Em 64, ao se apossarem do poder, a burguesia nacional juntamente com os militares, conseguiram impedir as chamadas “reformas de base”. O PCB por sua vez, mergulhado na “ilusão de classe”, convocou a população a não se levantar contra o golpe, o que resultou em um contra golpe desarticulado e sem uma direção nacional, coesa, capaz de responder à altura aos anseios do povo.

Com o patrocínio da elite nacional, articulada com a CIA, os brasileiros viram 5.000 militares americanos, com direito até a porta-aviões, se apossar de seus destinos. O argumento da extrema direita de que “estava salvando o país da ameaça comunista”, que “foi, na verdade, uma revolução, não um golpe”, e que “o povo clamou, pediu ao exercito que restabelecesse a ordem no Brasil”, impedindo assim de ver surgir uma nova Cuba foi orquestrada, planejada e dirigida por uma minoria, rica e abastada, os maiores interessados em tomar o poder das mãos de um governo eleito democraticamente. E o que foi visto?

 

 

  • Derrubar Jango e colocar o general Castelo Branco no poder era plano traçado. Recebeu ajuda direta do imperialismo americano, de figuras como John Kennedy e do embaixador americano Lydon Johnson, como mostra o documentário de Camilo Tavares, “O dia que durou 21 anos”;

 

  • Não houve revolução alguma. A mesma pressupõe uma transformação radical na estrutura política, social e econômica, toda essa mudança pautada em uma mudança ideológica, comum. O que teve foi um golpe, uma manobra para lesar a ordem, impor anseios de uma minoria;

 

 

  • O interesse americano no mundo não é coisa nova; a CIA, criada para perseguir a liberdade alheia e espionar o mundo, teve papel fundamental no apoio ao golpe. Que revolução foi essa?

 

 

2)      Não houve violência alguma no Brasil durante o regime militar:

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20 mil pessoas torturadas, 50 mil presos, 7 mil militares cassados, operários e camponeses, mulheres e crianças desaparecidas até hoje. Esse foi o saldo total que a ditadura deixou. A operação Condor, criada como uma forma de interação entre as ditaduras da América do Sul deixou marcas irreparáveis até hoje em nossa formação cultural, política e humana. Os casos envolvendo a extrema direita nacional mergulhou num atraso nunca antes visto em nossa história.

Com o apoio incontestável de gigantes da mídia nacional, como o “Estadão” era fácil deturpar os fatos, transformando estudantes perseguidos em terroristas procurados. Mas a verdade não tem pernas curtas:

 

  • O caso de Stuart Angel, só pra exemplificar o tamanho da brutalidade do regime, não podia ser escondido por muito tempo: Stuart, militante da VPR, foi torturado e depois amarrado com o escapamento de um jipe dentro de sua boca. Morrendo queimado por dentro;

 

  • Vladimir Herzog teria se enforcado, segundo a versão oficial, com um cinto do macacão de presidiário;

 

 

  • Manoel Fiel Filho, operário paulistano, integrante do PCB, teria se enforcado com uma meia sua, mesmo tendo sido provado que ele, na ocasião da prisão, estava de sandálias;

 

  • Em 78 a farsa veio à tona: Harry Shibata, legista “amigo do regime”, afirmou que os laudos necroscópicos eram assinados sem sequer uma análise mínima, bem como os atestados de óbito.

 

 

3)      O falso milagre econômico:

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Entre os anos de 69 e 73 o Brasil viveu um período de “aparente” crescimento, denominado de Milagre Econômico, sentido principalmente pela classe média, dando popularidade ao regime. Tal milagre contrastou com o auge da repressão da ditadura. De um lado os meios de comunicação, utilizando a Copa do Mundo do México como exemplo desse desenvolvimento, enquanto pessoas simplesmente “desapareceram” sob o Slogan dúbio “Brasil, ame-o ou deixe-o”.

A verdade é que o país se abriu de vez para o capital estrangeiro; casos como de Angra I, a primeira usina brasileira, construída pela americana Westinghouse, a liberação dos contratos de riscos do petróleo nacional em 75, com a desculpa de que “O país não tinha condições de desenvolver a produção”. Do lado da grande população a redução dos salários, o desemprego em massa e o crescimento de 30.000% da dívida externa (era US$3,2 bilhões em abril de 64, passando para 100 bilhões em 84). Ou seja: para os “amigos” do regime, sombra e água fresca e para os opositores pau de arara e sofrimento.

 

 

4)      A ditadura acabou:

 

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Após 21 anos de atrocidades e muita luta popular pelo fim do regime de violação o governo militar estava notadamente desgastado:

 

  • 16/02/77: uma comissão internacional de juristas católicos denunciam as torturas no Brasil. As entidades representativas voltavam seus olhos em torno dos problemas, o intuito era claro; por um fim aos abusos. Já não era possível manter as aparências do regime. O motor da “máquina da mentira” estava ruindo;

 

  • 19/05/77: o dia nacional de luta pela Anistia, organizada pelo movimento estudantil, reuni 10 mil pessoas em frente à faculdade de direito da USP, ao mesmo tempo a UNB entra em greve. O motivo: a prisão de 17 de seus estudantes;

 

 

  • 20/09/77: tem início a campanha pela assembleia constituinte, enquanto os generais brigavam entre si pela sucessão de Ernesto Geisel, com a população nas ruas, gritando, “Vai acabar, vai acabar, a ditadura militar!”;

 

O desgaste era evidente. Já não dava pra sustentar o golpe, e o povo havia acordado para essa realidade. A essa altura, todo o tipo de luta era feita e desenvolvida pelos movimentos organizados. Um modo de exemplificar a questão se encontra na musica “Situação”, de Taiguara (cantor mais censurado do país nessa época) lançada e censurada em 77:

 

           

Não, não adianta não

                 A situação já esta fora das suas mãos

                 Não, não adianta não

 

                 Como é que você vai me dar

O que já é meu

                 Como é que você vai criar

O que já nasceu

 

                 Como é que você resolveu

Que eu sou livre, Agora você esqueceu

                 Que só quem pode me libertar

Sou eu

 

                 Você diz que esse é o tempo

Da vida se distender

                 Mas quem faz primavera é o inverno

Não é você

 

                 Volta sempre um momento na história

Em que mais um império deixou de ser

                 Pois assim é o futuro p’ra nos

                 Só o que você vai mesmo fazer

 

                 É sair ou deixar eu me abrir

E deixar tudo acontecer

                 É sair ou deixar eu me abrir

E deixar tudo acontecer”

 

 

Na medição de forças a mobilização se fortalecia ainda mais:

 

  • 2/11/78: é criado o Conselho Brasileiro de Anistia (CBA) em São Paulo, logo se espalhando pelo país inteiro. O governo Figueiredo se viu obrigado a sancionar uma lei de Anistia, mesmo que tenha sido uma anistia limitada;

 

  • 29/12/78: o AI-5 é banido;

 

 

  • 29/05/79: é realizado o 31° congresso da UNE, onde se reconstrói a entidade (o ultimo congresso da entidade havia sido o fatídico congresso de Ibiúna, em 68, São Paulo);

 

  • Setembro de 79: os exilados políticos voltam ao país. Entre os nomes encontravam-se Betinho, Apolônio de Carvalho, Miguel Arrais, Leonel Brizola, Diógenes Arruda, Luís Carlos Prestes e tantos outros.

 

 

Entretanto, apesar da abertura do regime e sua posterior “queda”, a conquista da redemocratização nacional, com importantes passos como as Diretas já, ainda há muito no que avançar nesse tema, especialmente se olharmos a postura de outros países com relação às ditaduras, como no caso do Chile e da Argentina. A anistia no Brasil serviu mais para calar a esquerda articulada e as pressões internas e externas. A mesma anistia que serviu para devolver os direitos de exilados e perseguidos, também serviu para colocar uma pedra sobre os protetores do regime e seus algozes.

Muitos torturadores ainda estão impunes, vivendo suas vidas escondidas, enquanto milhares de famílias como as de Honestino Guimaraes, Manuel Aleixo, Fernando Santa Cruz e tantas outras, se quer tiveram direito de enterrar seus filhos, irmãos, parentes e amigos. A comissão nacional da verdade, criada pelo governo Dilma avançou pouco no quesito “justiça” quando se trata em reparar a história de nosso país.

Não se trata de uma mera formalidade, muito menos revanchismo. Não dá pra deixar impune torturadores e patrocinadores do regime militar. Aos movimentos sociais cabe exigir tal postura por parte das autoridades, resgatar a história de nossos heróis e desmascarar os resquícios dos 21 anos de terror deixados pela extrema direita nacional, como evidenciou Renato Russo, em uma de suas canções mais politizadas “La Maison Dieu”:

 

 

“O terror continua

Só mudou de cheiro

E de uniforme…

Nunca poderemos esquecer

Nem devemos perdoar

-Eu não anistiei ninguém”.

 

 

 

“Você se Pintou?”

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       “Frases feitas, chavões eleitoreiros, belo discurso, coesão, coerência, métrica e rima”. assim poderíamos resumir a postura da senadora Marina Silva, a “talvez” candidata as eleições presidenciais de 2014. O atual momento político do país lembra uma frase do Cazuza, bem propícia à ocasião: “Ideologia, eu quero uma pra viver”. Parece que falta muito disso em nossa distinta “classe política” (e eu digo “classe” mesmo, propositalmente, ou deveria dizer “casta?”). Em véspera de eleição todo mundo se perde, corre de um lado para outro. Acordos, negociatas, contratos de todos os tipos e espécies aparecem, surgem do nada, enquanto a mídia bate em cima, propositalmente, no intuito de entorpecer quem assiste, quem vive e quem passa, colocando de lado os reais problemas de nossa tão aclamada democracia.

Não há compromisso algum na política com “p” minúsculo que é feita, justamente por ser ela um jogo de cartas marcadas. As figuras da ditadura, do coronelismo e a subserviência ainda estão todos aí. Não há nada de novo em Brasília. Partidos representam seus interesses de classe, jogam com a vontade do povo, manobrando corações e mentes. A política no Brasil é podre e decadente justamente por ser oriunda dessa sociedade de classes que vivemos. O debate não se limita apenas entre direita ou esquerda, situação ou oposição. O debate vai mais além, e, é fato: a política atual não resolverá o problema de ninguém; a não ser deles mesmos, essas castas de sábios e magos, detentores dos meios de comunicação e da chamada “mídia especializada”.

Aí vem Marina Silva, com seu oportunismo mole, discurso certinho, falando tudo àquilo que se queria ouvir de, de jeito, tentou mostrar-se como “uma nova novidade”. Não demorou muito e ela “se pintou”, como na música de Dorival Caymmi. O Rede Sustentabilidade não passa de um instrumento de barganha, uma maneira para alcançar seu principal objetivo: chegar ao poder. Ironicamente ele descartou a ideologia do Rede, assim como fez com o Partido Verde, ao se aliar ao rei dos acordos escusos, Eduardo Campos. “Para se ter um partido é preciso ter um programa e militância social; isso nós já temos, portanto, já somos um partido”, disse ela. Porém, após ver sua proposta de criação legal ser descartada abraçou o projeto de Eduardo, o mesmo que consegue aliar-se com elementos da direita, esquerda, empresários, líderes sindicais questionáveis e até figurinhas da ditadura de 64-85. Ele, literalmente, faz mágica. E a mascara de Marina não resistiu.

E o que tem por traz disso tudo? O fato de todos eles, sem exceção, serem meros agentes do capital nacional, mantenedores do status quo, seguidores do mero reformismo superficial, seja por parte do PT, deslocado cada vez mais dos movimentos sociais, seja do discurso reacionário pintado de novo, que de novo não tem nada, é só um capitalismo disfarçado, de Marina Silva, ou o jeitão de governar e “ajeitar as coisas” para os grandes empresários de Eduardo. Quanto ao PSDB não há nem o que se falar. A lógica da direita e sua visão de Brasil não conseguem ser escondidas de ninguém.

Marina se intitula de “nova política”, exalta as manifestações de junho, amacia o ego da juventude, sorri para a pequena burguesia e fica pousando de boa moça ou de boazinha. Na hora de colocar seu principal motivo para pleitear algum cargo em 2014, como aconteceu no Programa do Jô (15 de outubro de 2013): um discurso vazio, cheio de rodeios pomposos, frases feitas, mas uma contradição com sua real conduta. E o povo, onde fica? Qual a resposta para os gritos das ruas, que até agora não deram? Parece que o discurso de que “a crise de representação”,a necessidade de repensar o fazer político” vai vencendo (parece). Enquanto vemos cair as máscaras.

A necessidade de um partido sério, concreto, capaz de guiar e dirigir a classe trabalhadora, lutando lado a lado em busca de uma mudança realmente concreta se apresenta ainda mais. Homens e mulheres sérias, filhas do povo, que entendem a sua realidade e busquem a sua transformação é um pedido antigo, real, objetivo. Caso contrário, ficaremos todo o tempo esperando cair a chuva, acreditando em milagres, colocando nossas esperanças em um sistema falho em uma ditadura fantasiada de democracia, que fala como quem se importa com o que vamos comer no fim do dia. No final das contas, só quem ganha são eles, os donos da bola. No fim das contas só o socialismo, aquele que disseram ter perdido a validade, ficado fora de moda, é a única ideologia e proposta capaz de tirar o Brasil dessa. Só uma verdadeira revolução socialista pode minar o projeto fadado ao fracasso daqueles que estão no poder: sugar nosso sangue e todas as riquezas de nosso país até não poder mais.