Disco bom disco

Já tinha falado do “Mano” em outro momento. Agora é específico sobre seu mais novo trabalho, e não é qualquer trabalho, trata-se do primeiro disco solo de sua carreira. Tentaram crucificar o bom e velho Mano Brown. Era de se esperar. Em Blogue Naipe, seu primeiro álbum solo, ele vem com funk, R&B, Sol e muita Black músic. Produzido por Lino Krizz, com participação de Simoninha, Seu Jorge, DJ CIA, Cassiano, Hyldon e Willian Magalhães (da banda Black Rio somente) o disco é muito foda. Uma volta às origens, eu diria. Não sei pq a surpresa. Se fosse pra fazer o rap a que estávamos acostumados ele lançaria mais um disco com os Racionais, né? Aqui vem o um mano mais solto, fazendo música com essa pegada melódica e dançante que também tem nos Racionais, mas com outra pegada. Falando de amor, poeticamente interessante, essas 22 faixas chamam atenção. Uma boa estréia. Bagagem o cara tem. E muita moral também.

 

mano brown

 

 

Uma Pequena História com Vander Lee. . .

VANDER

Certamente uma das notícias mais tristes que recebemos no mundo da música em 2016: Vander Lee se despedia de nós e nos deixava esperando aviões. . .
Esse mineirinho de apenas 50 anos representava muito bem nossa nova safra de compositores de nossa MPB. 50 anos apenas. “Era um menino”, disse uma fã idosa para a reportagem. Meio século de idade e uma carreira que começou em 1987 foi num tempo realmente muito curto. Merecíamos passar muito mais tempo, explorar mais, no bom sentido, desse autêntico compositor brasileiro.

Detalhe: a data de gravação de seu DVD de 20 anos foi justamente num 2 de julho, dia de meu aniversário. Segundo a sua empresária, ele teria pensado em adiar a gravação do show por não estar seguro de fazê-lo. Sorte nossa. É um registro primoroso de um momento de auge desse interprete tímido, quietinho como todo bom mineiro, mas com uma força enorme ao subir no palco.  Como não gostar nem sentir falta desse grande talento?

Detalhe²: esse show tem um espaço muito especial em meu coração por um segundo motivo. Depois de adiar assistir ele na integra no youtube, o tive como companhia no dia em que recebi a triste notícia da partida de minha amada sogrinha, até então internada. Tocava a música “Eu e Ela” quando o telefone tocou. Desliguei o aparelho e escutei a canção até o fim. Até aquele momento a letras não tinha tinha recebido um olhar mais atento, apesar de linda, confesso. Passei uns três dias com sua melodia na minha cabeça. Sempre vou lembrar do Vander Lee e de Dona Nice ao ouvir, cantarolar ou arranhar no violão essa poesia.

Das leituras. . .

o castelo de otranto. . .

O Castelo de Otranto é um daqueles clássicos que toda criança curte.
Publicado em 1784, essa obra é considerada a primeira história de terror e suspense da literatura. Dizer que influenciou nomes como Edgar Allan Poe, Bram Stroker, Lovecraft e outros mestres nem é preciso. O enredo não é aquela coisa toda, mas, clássico é clássico.
O Príncipe Manfred tenta usurpar o Castelo que foi de sua família, afastando o herdeiro legítimo da propriedade. Massa. Porém, forças sobrenaturais aparecem para condenar e impedir que as “tradições” se percam.
Eu gostava tanto desse livro que virou até apelido. Pq clássico é clássico.

#ocastelodeotranto

Fotopoema. . .

chacal

 

Tem um fio de queijo
entre eu e o misto quente
recém mordido

Tem um fio de goma
entre o chiclete e eu
recém mascado

Tem um fio de vida
entre eu e teu corpo
recém amado

Tem um fio de carne
entre teu corpo e teu filho
recém nascido

Tem um fio de saudade
entre eu e você
recém passado

Tem um fio de sangue
entre a razão e eu
recém partido

Tem um fio de luz
entre eu e mim
recém chegado

(Meio Fio- Chacal)

Fotopoema

mario

 

Esperança

(Mário Quintana)

Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança…
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA…

(Texto extraído do livro “Nova Antologia Poética”, Editora Globo – São Paulo, 1998, pág. 118.)

Das Leituras. . .

As trincheiras do silêncio, de Pedro Laurentino Reis Pereira é uma obra realmente maravilhosa. Poeta de têmpera aguçada, Pedro coloca as palavras minuciosamente como quem observa o mundo com olhos de quem luta.
Militante poeta, não se podia esperar outra coisa de quem dedicou sua juventude a construir bases sólidas. Sua poesia vem daí. Da luta de ontem e de hoje. Como na música, os espaços vazios, os silêncios tb fazem parte dessa construção. Tenho os 3 livros de poesia desse Grande lutador e poeta. Sem dúvida um dos melhores poetas em atividade de nosso país.

 

pedro