Sobre papublá!

Papublá! É uma interjeição. Um soluço. Um grito. e foi com essa ideia que o tal do Clóvis Maia, rabiscador de papéis, pensou esse espaço. Literatura, cinema, música, Quadrinhos, política, poesia... e por aí vai....

O Mundo Amado do Odiado Millar

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Quando a gente fala sobre Mark Millar, esse que é um dos 10 nomes dos quadrinhos na ultima década. Pelo menos. A ideia aqui não é fazer um copia/cola da biografia dele, falar das fases dele, do início pra cá e etc. Não. Tudo que tu precisa saber dele tem na internet e não precisamos desses manuais que só tomam tempo e enchem o saco. Queria aqui apenas trazer algumas dicas das leituras que eu fiz, trazer alguns exemplos de coisas que valem à pena ler e fazer de algumas características que fazem do Millar o mais amado/odiado também, no mundo dos quadrinhos.

Buscando Fórmulas:

 

Millar começou a ganhar espaço quando começou a remodelar, reescrever, traçar novos rumos para títulos já consagrados. E aí é que tá: com uma formação muito boa no mundo dos quadrinhos, esse escocês danado sabia bem onde queria chegar. Por exemplo, ele pegou X-men, Monstro do Pântano e os Vingadores (que ele chamou de Supremos) e meio que se especializou em dar nova roupagem para títulos que não andavam bem das pernas e deu sua marca. Marca boa. Inimigo do Estado, HQ do Wolverine é uma das revistas mais massas que você vai ler do melhor mutante que existe e uma das mais difíceis de achar. R.A.R.I.D.A.D.E completa. Item de colecionador. Depois que ele pegou uma moralzinha e virou uma espécie de Grife chic dos roteiristas, tanto em trabalhos com a Marvel e a DC, ele decidiu, segundo alguns, colocar de fora suas unhas: passou a adotar uma postura comercial, meio que repetindo certas características, receitas de sucesso, temas e abordagens que lhe garantiriam além de muitas vendas, um pretenso futuro no mundo da interação da informação e da indústria cultural, já que, tu sabe, quando alguma obra da cultura POP faz um certo sucesso, vira roteiro pra filme, série nesses catálogos do mal, peças de teatro (mentira. Só Yuyu Hakushô e Rei Leão que podem fazer isso), camisetas, livros, canecas, motivo pra nerds ficarem brigando em grupos de WhatSapp brigas de família. Sério. O Mark Millar queria entrar no seleto grupo de nerds dos nerds, especializados em acabar com casamentos. Dá pra tu?

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Bons Parceiros:

            Uma das coisas que Millar fez bem foi cultivar uma boa amizade com boas pessoas. Dizem as boas línguas que ele divide os lucros e dividendos de seus trabalhos com seus ilustradores. Alguns nomes como Romitinha Jr, Dave Gibbons, Mcniven, Frank Quietely entre outros. Seu primeiro pico de glamour foi quando desenrolou a genial Guerra Civil, projeto ousadíssimo. Com Romitinha ele fez Kick-Ass e caiu nas graças do mundo do cinema. Dizem as boas línguas que suas obras passaram a ter esse lance de parecer com um roteiro cinematográfico. E é mesmo. Meio que apadrinhado por Grant Morrison lá trás, e tendo recebido as benção de Brian Michael Bendis, o danado passou a ter carta branca para meio que fazer o que quisesse. E deu no que deu. Entre a Foice e o Martelo é uma das obras mais respeitadas até hoje entre os fãs (ou não) do Superman. Com o passe-livre ele começou a pintar e bordar. É quando surge a MillarWord, sua máquina de produzir boas revistas.

 

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2 + 2 é 4 até na China, boy!

 

Uma das críticas que fazem ao Millar (e justas) é essa coisa da fórmula do sucesso que ele insiste em perseguir e tem dado certo. O problema é que é enjoativo. Tipo, todo o quadrinho que leva seu nome acaba por ser repetitivo. Ele se utiliza de alguns mecanismos para basear seus roteiros que, diga-se de passagem, apesar desses ‘defeitos’ são muito originais e bem escritos. Dito de outro modo é difícil tu não gostar do que tu vai ler, justamente porque ele parte de um lugar comum (pra não perder dinheiro) e coloca mais uma vez suas garras de fora. Eis alguns desses ‘vícios’ de roteiro:

a subversão do herói: tão ligados no lance do Super em Red Son, num é? “o que teria acontecido se o filho de Kripton caísse na URSS em vez dos EUA?” essa ideia é muito genial. O problema é que ele faz isso repetidamente. É assim em Nêmesis, que é uma espécie de Batman Coringa, A Ordem Mágica (um Harry Potter pra adulto) e, claro Kick-Ass e o Legado de Júpiter (que é um Watchmen atualizado). REPITO: isso não quer dizer que é ruim. Mas você saca de cara que ele brinca com um certo (des)conforto pelo fato de ter uma ideia familiar naquela revista;

os temas atuais, cotidianos e políticos: toda trama dele é trazida para o mais próximo de nós e de nosso mundo. Esse é o lance: criam empatia, fazer a gente se identificar de cara com a história. Assim, ele coloca um conflito entre pais e filhos super-heróis, um jovem sem poderes que quer enfrentar o crime pelo fato de sua vida ser uma merda, a heroína que descobre que está grávida de um vilão, a corrupção do sistema vigente, as críticas sociais sarcásticas e ácidas. Tá tudo lá. Em casa obra. Torna a obra previsível;

a violência gratuita e exagerada: parece que ele gosta de colocar um toque “Nonsene” em seus roteiros. Do nada tem um tiroteio daqueles, muito sangue, alguém perfurando o outro com uma espada e as tripas saindo, jorrando sangue pra tudo que é lado. Sim. Ele gosta. E a gente também.

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Vai ler o cara, vai:

Pra não ficar em muita enrolação, dei alguns exemplos de coisas que eu li dele e achei massa. Renascida, American Jesus e Empress são os títulos dele que estão um minha lista de leituras futuras desse gigante. Renascida é talvez a obra mais original dele. Espero tirar a dúvida por esses dias. As continuações de Hit-Girl e Kick-Ass não recomendo. São variações do mesmo tema. Chegam a ser chatos. E Kingsman é ruim na HQ tanto quando no filme. Esse ele fez com preguiça. Ele e toda a equipe. De resto, vai ler a obra do cara que tu num vai se arrepender mesmo.

 

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Alguns pontos positivos:

– original apesar de repetitivo;

– os roteiros deles sempre são eletrizantes, cativantes e muito, mas muito bem escrito mesmo;

– pelo fato dele saber escolher quem vai trabalhar com ele, suas obras meio que valem o preço que cobram;

– esse lance dele de iniciar uma série, terminar e pular pra outra é algo genial. Ele simplesmente já saiu desse hall dos caras que só tem um personagem pra trabalhar.

 

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Àquele Quadrinho…

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Spawn e a Herança dos anos 80 elevada ao cubo

 

 

Em 1992 surge a Image Comics, tendo como carro chefe o Spawn, soldado do inferno e um geniozinho do mercado editorial chamado Todd McFarlane. Como tu deve tá ligadx, o mundo dos quadrinhos é bem cíclico. Ele vive da reciclagem, da recriação e da remontagem dos mesmos personagens (que eu chamo de ícone: Tipo de representação artística; Algo ou alguém que se distingue ou simboliza determinada época, cultura, área do conhecimento; Signo que expressa uma relação de semelhança ou analogia com o objeto que designa ou representa). Como a chamada nona arte é feita a várias mãos, e a indústria cultural movida por essa mídia se caracteriza diretamente com o meio editorial, ou seja, se a história é boa e arte cativa, vende feito água no calor do Recife ou sofre toda uma mudança radical, uma espécie de volta na cronologia toda do título ou mesmo do personagem. Por isso que existem esses reboots da DC ou da Marvel periodicamente. Seja essa mudança por uma questão de necessidade (como o caso da icônica série Crise nas Infinitas Terras) ou por uma questão de atrair novos fãs ou mesmo ganhar dinheiro (Novos 52, Renascimento, Nova Marvel, etc.).

Acontece que a Image foi responsável por uma revolução na forma de trabalhar os quadrinhos como indústria. Nos anos 80 foi mudada a forma de FAZER quadrinho. Frank Miller, Alan Moore e seus estilos únicos deram uma sinalização pra indústria que havia um novo mercado a ser BEM explorado: os chamados quadrinhos adultos, coisa que foi BEM explorada pela Image com seus talentos recém-saídos da república do Café com leite Marvel V DC.  Naquela época os desenhistas e roteiristas não tinham muito retorno daquilo que produziam (vocês devem tá ligado na briga- todas elas- do Alan Moore, por exemplo, com a DC e também com a Marvel), aí surge o McFarlane com a proposta de lançar material inédito dos artistas mais na moda da época, além deles decidirem pra onde os dividendos e os rumos de seus personagens iriam. Ele, por exemplo, era O CARA do Homem-Aranha. Jim Lee tirava onda com os X-men e por aí vai. Agora iriam ditar as rédeas de seus traços. Vê que coisa.

Spawn foi o carro-chefe dessa guinada da Image. Pra vocês terem uma ideia (ou relembrarem disso), tudo que foi feito nos anos 90 em termo de quadrinhos, tentou alcançar ou perseguir uma certa fórmula que, cá pra nós, não existia em títulos como O Cavaleiro das Trevas nem em Watchmen.  Aí a criação da Image teve um lado bom: novidade pro mercado, o mainstream tendo que se reinventar (ou pelo menos tentar fazer diferente) dando mais autonomia e garantias para seus trabalhadores, e o lado ruim: tudo queria ser no tom das revistas dos anos 80. Foi dessa efervescência que veio o selo Vertigo, da DC. Mas o Spawn , que era uma mistura do Homem-Aranha com o Batman, não agradava muito do ponto de vista do conteúdo. É um negócio que o povo dos quadrinhos conhece como “Massaveísmo”.

Mas olha como a narrativa realista de Cavaleiro das Trevas caiu de jeito em Spawn e como ele soube usar essa fórmula até o talo. Se o problema era escrever um bom roteiro, chama nomes como Neil Gaiman, Alan Moore ou o tio Frank Miller pra dar uma força (claro que teve treta também). Brinquedos, camisas, filmes (meu Deus aquele filme que passava no Cinema em Casa, de tarde, que a gente corria… pra não ver). O Marketing fez da revista um ícone lá fora e aqui nem se fala. O fato de ser quinzenal, com um preço mais ou menos e a oportunidade de montar sua própria coleção era algo demais.

 

Mas, aí, na moral, tem umas sacadas tão massa no Spawn, como o fato do personagem principal ser um negão e o clima detetivesco-dramático-policial caiu mesmo gosto do público. Ou seja, não tem como não negar que o persona é original pacas. E a Image Comics, depois de idas e voltas, depois de pegar uma experiência de leve, hoje é a referência que é. E o Spawn tá por aí batendo recordes.

 

 

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O Assunto é Outro. . .

óleo em alagoas

 

51 dias. Foi esse o tempo que as forças armadas brasileiras levaram para iniciar seus esforços para conter os estragos ambientais causados por um suposto vazamento de óleo nas praias do Nordeste, atingindo já a marca de 78 municípios em nove estados da região. Mas parece que o patriotismo importado do governo o impediu mais uma vez de se quer se posicionar o problema, já que o mesmo parece querer governar o país por meio das redes sociais. Enquanto o presidente viaja para vender o país lá fora, aqui, seu vice-presidente faz piada com a manifestação do Greenpeace e seus ministros demonstram bem o nível de comprometimento com os problemas socioambientais e que, definitivamente, o assunto é outro.

Pernambuco, com 10 cidades afetadas pelas manchas, com mais de novecentas toneladas de resíduos recolhidos em suas praias, a grande maioria deles por meio de voluntariado, recebeu a visita de três ministros do governo durante as primeiras notícias de locais atingidos no estado e, pra variar, não passou de “mise en scène”, ou, como dizemos aqui em Pernambuco: “conversa pra boi dormir.

Temendo as críticas das autoridades locais, que cobravam um posicionamento do governo federal, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, pediu para que não se “politizar” o assunto. Coincidentemente o mesmo não perde tempo em afirmar (quase tão sem provas quanto os órgãos federais envolvidos até agora no caso) ser o governo da Venezuela o culpado  pelo aparecimento das manchas, além de atacar, via redes sociais (padrão governamental desse governo entreguista) o Greenpeace pelo ocorrido. Uma coisa que mudou com a sua chegada foi a postura do exército, que passou a impedir os voluntários a fazerem seu trabalho, mesmo com os militares chegando tarde nos locais atingidos ou se preocupando mais com a cobertura dos veículos de comunicação do que em recuperar o tempo perdido por eles.

Já o ministro do Turismo, Álvaro Antônio, veio ao estado para assegurar aos empresários locais das principais praias (algumas inclusive nem atingidas ainda) a manutenção  das benesses meramente econômicas e blá blá blá (continuar, claro)

Mas o melhor foi a participação do ministro da justiça, Sergio Moro, que veio ao município de Paulista, região metropolitana do Recife, para falar sobre seu programa Em Frente Brasil, dia 21 de outubro. Durante uma coletiva de imprensa, perguntado por uma repórter local sobre “quanto e quanto o governo iria enviar ajudar” já que o mesmo “representava o governo” e estava em atividade oficial no estado, Sergio Moro foi categórico: “o assunto aqui é outro”.

Pois é. Durante mais uma crise ambiental,talvez a maior de na história de nossos mares, o presidente, demonstrando seu compromisso: vender a nação para os países imperialistas. Enquanto famílias inteiras se desesperam por seu futuro, sobretudo as  que possuem relações diretas de trabalho com o mar para sobreviver, o presidente viaja para fazer turismo, deixando seus  representantes para rebaixar o esforço coletivo da população em sanar um dano talvez irreparável, além de mais uma vez se omitir em relação a origem, disponibilizar recursos e mão de obra especializada para, quem sabe, ter o menos possível de danos nessa situação.

Dois dias depois dessa infeliz colocação de Sergio Moro, considerado um dos pilares do atual governo, as manchas chegaram a Paulista, trazendo preocupação para a população local.

Aquele Quadrinho

As cinco melhores histórias de Sandman Edição Definitiva (Volume 1)

 

 

     Sem dúvida Sandman é a principal obra em HQ do genial Neil Gaiman. Recentemente a Panini relançou a série comemorando os 30 anos do título (detalhe: cheia de erros e cagadas que a própria editora teve que fazer um recall pra repor os compradores). Detalhe: se tu não gosta de literatura, é melhor não ler. Na moral. Sandman NÃO é um quadrinho de super-herói, não é uma HQ de ação, nem de terror. Gaiman, ao pegar um personagem que já existia e modificar tudo a seu redor (e olha que a Vertigo nem existia ainda), simplesmente conquistou a liberdade que queria para fazer seu trabalho. Então, Sandman possui ritmo, pegada e abordagem bem peculiares. Outra coisa bem pessoal é que você (se já tem aquela edição definitiva da Panini, dividida em quatro partes) não precisa comprar a nova versão. Opinião minha. Até pelo fato de que Sandman também não é uma revista pra se ler no busão, no meio da festa, nem levar por aí sorridente. Na moral, Sandman é pra tu ler com calma, atenção e ficar muito ligado. Aparentemente as histórias podem até serem distintas mais tudo tem uma ligação.

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      Em Sandman, Neil Gaiman nos brinda com um mergulho num universo muito bem escrito, pesquisado e costurado. A edição definitiva volume um tem as 20 primeiras edições do Sandman e aqui eu separei as minhas cinco preferidas, pra falar um pouco delas e comentar. São elas:

 

  • 1) “24 Horas” (edição #6): essa é uma das histórias mais assustadoras que tu vai ler nos quadrinhos. Sério. Não tem coisa melhor (ou pior). A ideia é a seguinte: Sandman começa com a prisão de “Sonho”, um dos seis perpétuos e protagonista da série. Ao sair da sua prisão ele vai atrás de suas três “ferramentas/armas”: A máscara, seu rubi e a bolsa com areia do sonhar. Bem. Ele consegue pegar a máscara e também o saco de areia. A dificuldade é com sua gema/rubi, que está com John Dee, conhecido como Doutor Destino, que usa os sonhos para manipular as pessoas. E é isso que ele faz aqui. Ele pira uma galera numa lanchonete e faz essas pessoas cometer os mais diversos crimes e bizarrices. É um mergulho na loucura, na danação da mente humana e de um terror psicológico genial;
  • 2) “O Som de Suas Asas” (edição #8): Aqui temos a primeira aparição de Morte, irmã de Sonho e também sua amiga, ouvinte e etc. Gaiman não segue certos padrões para apresentar os personagens em Sandman. Muitas vezes um personagem aparece em uma história e é retomado mais pra frente. Ou seja, nada é jogado fora. Essa história é assim que o Sonho retoma seu lugar de destaque, ele tem todo seu reino para reconstruir e ele está pra baixo, deprimido, quando ela aparece e, assim, é um momento tocante e uma história linda, sensível, sobre a existência humana, sobre a brevidade da vida e sobre as pequenas coisas e os pequenos momentos da vida. O estilo de Morte é coisa que é elogiada até hoje;
  • 3) “Homens de Boa Fortuna” (edição #14): é recorrente nas obras de Gaiman a pesquisa e a reflexão sobre a arte e a literatura. E essa história é muito original. Sandman e Morte estão conversando em uma taverna, isso em mil novecentos e bolinha e, de repente, um cara lá conversa com os amigos falando algo como “morrer é coisa sem sentido algum”. O nome do indivíduo é Hob Gandling e ele era um enorme Zé ninguém. O problema é que a conversa dele chama atenção de Morte, que decide deixa-lo imortal até o dia em que ele decida abrir mão da vida e decida “querer morrer”. Mas o cara não deseja. A cada 100 anos ele e Sonho se encontram no mesmo bar para colocar o papo em dia e ver se o alegre Hob mudou (ou não) de ideia. E é um pano de fundo para tratar sobre amizade;
  • 4) “Calliope” (edição #17): mais uma reflexão sobre a arte e a literatura. Calliope é a primeira das nove musas da Mitologia Grega. Sendo que ela é a musa da poesia. Pois bem. Um oportunista consegue captura-la e fazer com que ela lhe conceda inspiração para que ele escreva um bom livro e ele faça sucesso. Isso ocorre. Anos mais tarde, velho e famoso, o tal escritor decide passar pra frente a sua musa, vendendo-a para outro escritor iniciante mas que não está conseguindo fazer sua segunda obra. Pois bem. Ele consegue fazer muito sucesso, explorando de todas as formas possíveis sua musa. Essa história é tensa e densa. Com algumas boas pitadas de crítica social e reflexão sobre até que ponto o individualismo leva o indivíduo na busca por poder, fama e grana;
  • 5) “Um Sonho de Mil Gatos” (#18): uma sátira a nossa sociedade, sua política, mora e costumes: um grupo de gatos se reúne para ouvir as palavras de certa gata. Ela fala seu testemunho e apresenta uma visão que teve, sobretudo após passar por uma triste situação nas mãos dos humanos. É tão simples ao mesmo tempo em que é muito sutil e direta na mensagem que deseja passar.

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     Sandman surgiu na esteira de obras de Allan Moore como Monstro do Pântano, Watchmen, e o Cavaleiro das Trevas de Frank Miller.  Ou seja, o chamaram para remodelar a forma de ver, fazer e consumir quadrinhos, e ele fez isso brilhantemente. Depois eu volto com as minhas histórias dos outros volumes. Detalhe: aqui é somente um resuminho básico. Nada se compara a você ler por si mesmo e tirar suas conclusões. No meu caso, eu consegui o volume um da edição definitiva do Sandman com um brother que não tinha gostado do que leu, mas havia comprado pela fama da revista. Que bom.

 

Bom disco Bom

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Dizem que todo cantor, intérprete ou artista tem o seu trabalho definitivo e memorável. Aquela obra que, tipo, se ele resolvesse parar tudo, tava resolvido. Sacou? E esse é O Disco da banda U@, pra mim, a maior banda de Rock da atualidade, justamente pelo fato de irem além da música. Esse é um clássico que lançou a banda para o universo e trouxe clássicos como “I Still Haven’t Found What I’m Looking For“,  “Where the Streets Have No Name“,  “Bullet the Blue Sky” e, claro, “With or Without You“. o 5º trabalho dos caras conseguiu extrair o melhor deles. Sem dúvida. U2 pode ser dividido e definido ante e depois da “Arvore de Josué”. E vale cada acorde, cada letra, cada interpretação.

#AqueleQuadrinho…

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    Allan Moore, talvez o maior nome dos quadrinhos de todos os tempos, anunciou sua aposentadoria. Responsável por repaginar títulos como Monstro do Pântano (onde criou o icônico John Constantine), além de deixar enormes contribuições como “A Piada Mortal”, “Miracleman” entre outros. Não é preciso nem dizer que é dele “V de Vingança”, “Do Inferno”“A Liga Extraordinária” “Promethea”. 

 

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     A sua principal obra, claro, é Watchemen.  Depois de adaptada para o cinema (e muito bem adaptada), preparada para ser apresentada como série para a HBO, além do crossover com o universo regular da DC em “O Relógio do Juízo Final”, a obra ainda é a principal referência para se entender o universo dos quadrinhos.

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     Para se entender sua grandeza basta dizer que ela foi responsável por mudar toda a indústria da nona arte. Depois de Watchemen a forma de ler quadrinhos mudou completamente. Mas, por que essa obra continua sendo tão aclamada e referenciada ainda hoje, mais de 30 anos depois do lançamento?

     Não é minha intenção aqui ficar recontando a história nem chovendo no molhado. Não dá pra ficar repetindo as mesmas coisas endeusando ou metendo o pau no Alan Moore pela sua postura em relação ao mercado editorial e da grande indústria dos quadrinhos: DC e Marvel, farinhas do mesmo saco no quesito “vamo ganhar dinheiro”. A questão é que esse título em especial eleva essa arte para outro patamar. E eu queria apenas trazer dois pontos sobre a revista que é a narrativa e a abordagem.

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     A narrativa de Watchemen é atual e inovadora justamente pelo fato de ter um roteirista primoroso, que colocou durante todo o período de construção da obra diversas referências literárias, teatrais, históricas e políticas para questionar o auge da Guerra Fria, a política dos EUA e toda a mesquinhez de uma sociedade capitalista em franca decadência. Para incrementar e dar corpo ao universo dos vigilantes, Allan Moore soube abordar de modo brilhante o mundo dos heróis. Mais não é só isso: ele cria toda uma mitologia, trazendo para nossa realidade toda uma herança de heróis para criar um clímax muito massa e que pegou (pega) todo mundo de surpresa.

 

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     Se você viu o filme (que é uma adaptação muito massa também) deve ter sacado o grande clima da série: denso, tenso e muito carregado. Depois dessa série as HQs deram uma guinada (pra bem).

 

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Fotos que nos Revelam um Mundo

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Ditadura militar deixou um rombo no brazil. A desculpa: impedir que o país virasse uma nova Cuba. A Realidade: uma agenda de golpes militares nos países do terceiro mundo para manter a hegemonia dos países imperialistas. Durante 21 anos mergulhamos em um obscurantismo e uma rede de mentiras e violência. Algumas dessas mentiras ecoam até hoje. Mesmo assim, uma série de documentos e fatos comprova a verdade: nossa democracia foi golpeada, roubada e colocada num porão por 21 anos e essa violência patrocinada pela CIA e com apoio de setores reacionários da igreja, da mídia e grandes empresários da época. Esses mesmos tem medo de se exporem, já que fizeram de tudo, como matar seus próprios servidores e queimar documentos para esconder a verdade.

Entre os nomes e rostos esquecidos temos o de Manoel Lisboa, assassinado após 15 dias seguidos de tortura. Todo tipo de violência foi impetrada contra ele, para tentar destruir sua organização revolucionária contrária ao regime.  A violência era tanta que os corpos dos mortos eram escondidos, como o caso de Fernando Santa Cruz, desaparecido até os dias de hoje. Manoel Lisboa estudava medicina na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), mas foi jogado na clandestinidade depois do golpe de 1964. É um desses rostos que a TV não mostra, que as revistas não estampam em suas capas semanais. Mas é também uma voz que denuncia e uma imagem que não se cala.

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Embaixadores de Sião. Jesus: O Amigo da Hora, de 1977

 

    Os Embaixadores de Sião foi uma banda de Rock Cristã pernambucana, formada em meados da década de 70 no Recife. A banda possuía clara influencia dos Beatles e da jovem guarda (se bem que eu não vejo muita coisa da jovem guarda no som dos caras). “Jesus: O Amigo da Hora” foi lançado em 1977 e tinha como objetivo levar o ‘evangelho’ para o povão. Dito de outro modo, os caras inventaram a chamada música Gospel quando isso ainda nem era sonho aqui no brazil. Teclado, bateria, guitarra e baixo vaziam aquele som harmonioso o suficiente para levar a banda a atingir sucesso nacional. Aliás, esse era um tempo bom, quando não se existia de maneira tão demarcada essa coisa de feudos por regiões. Era possível romper barreiras apenas fazendo um bom trabalho e tendo como divulga-lo.

    “O Rosto de Cristo” é até hoje uma das músicas mais conhecidas do mundo cristão. Crente, católico, espírita, fãs dos Beatles. Todos já cantarolaram essa música um dia. Regravada por inúmeros nomes da música religiosa nacional, essa faixa consegue ser original e muito bem gravada. Ainda assim não é uma das minhas preferidas do disco. Aliás, essa é a menos legal. Os destaques são “Onipresente e Excelso Deus”, “Amor tão Profundo”, “A Ascenção de Cristo” (rockzão da pesada, de botar muito metaleiro de hoje no bolso) e “O Discurso do Rabi”.

    Minha mãe conta com orgulho dos shows que ela ia do grupo: sempre lotados, nas praças públicas e com grande recepção. O grupo passaria por uma mudança de formação e lançaria mais dois discos, com grande repercussão e alto nível também. Até hoje essas músicas são ouvidas e os discos são partilhados de pai pra filho. Eu mesmo aprendi a gostar de rock ouvindo Embaixadores.

Livro Gratuito Para Baixar

 

Em 2009 Clóvis Maia inaugurava um blog de endereço:

https://clovesmaia.blogspot.com/

Em 2018 “Para Mais Tarde” surge como um livro de crônicas, sendo lançado inicialmente nas redes sociais e tendo também a oportunidade de ser lançado no Recife, em Serra Talhada e na Paraíba. Agora você tem acesso ao livro de forma totalmente gratuita. Basta apenas baixar o PDF.

Boa leitura:

Livro “Para Mais Tarde”, de Clóvis Maia gratuito.

#aqueleQuadrinho

          Hinterkind (“Os Desterrados”, no brazil. Vertigo/Panini Comics)

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Resumo:

[Hinterkind, “Os Desterrados”, foi lançada nos EUA em 18 edições, de dezembro de 2013 a julho de 2015. Com roteiros de Ian Edginton, arte de Francesco Trifogli e Cris Peter na pintura. No brazil a obra foi lançada pela Panini em três edições especiais: “O Despertar do Mundo” (junho/2017), “Escrito em Sangue” (fevereiro/2018) e “Região Quente” (Agosto/2018), cada uma contendo seis edições da série original em formato americano, lombada quadrada e com um preço muito acessível- R$23 contos.]

Prefácio:

Uma praga, um vírus, alguma coisa dizimou quase toda a humanidade. No meio dessa situação, a gente descobre que os seres ‘tidos’ como mágicos ou imaginários (fadas, duendes, druidas, gnomos, elfos, sátiros, vampiros, unicórnios, dragões, ogros, centauros- ufa!) são na realidade reais e que estavam escondidos nos subterrâneos, deixando-se acreditar que eram mesmo criações da mente humana. Depois da suposta praga esses seres imaginários retornam para caçar os humanos restantes, brigarem entre si por territórios e riquezas. Esse caos nos é apresentado pelo genial Ian Edginton (que trabalhou, entre outros títulos, em Judge Dredd, X-Force, Stormwatch, além de ter sido indicado ao Eisner duas vezes.

 

 

Bom:

Hinterkind consegue ser original tratando de um tema chamado por muitos como ‘batidos’. Com tanta obra inspirada em Distopias e Cyberpunks, o leitor logo vai relacionar o quadrinho com O Senhor dos Anéis, Game of Thrones e essa ‘túia’ de livros que viraram filme tipo “Divergente”, “Convergente”, “Detergente”, “Jogos Vorazes” ou “Maze Runner”. Mas o detalhe é que o Ian Edginton sabe tecer uma boa história e o roteiro não deixa a desejar:

Prosper Monday é a nossa heroína, junto com Angus, que decide fugir do acampamento onde vivem. Ao fugirem acabam descobrindo aquela realidade que eu já citei antes e se metendo em uma jornada que vai desencadear toda a trama quadrinesca. Segundo dizem, o título não conseguiu ter um bom rendimento. Com as vendas em baixa teve que ser encurtado. Outra versão diz que a obra foi pensada para ser desse tamanho mesmo. Vendas baixas ou não, a crítica meteu o pau na revista do mesmo jeito, mas eu queria ressaltar a habilidade do roteirista em juntar ficção científica, mitologia, sociedades pós-apocalípticas sem perder a mão. Esqueçam quem vier dizer que os personagens não são bem trabalhados e etc. genéricos eles podem até ser. E são. Mas essa é a idéia da trama: mostrar as espécies vivendo depois da devastação.

Ruim:

Por ser tratar de uma obra que teve vida uma vida encurtada (nessa hora, não importa mais os motivos) fica evidente que poderia ter uma seqüência, um aprofundamento em determinados temas, mostrar como vivem determinadas espécies (pois é; ainda cabia) e gastar um pouco mais a trama. Essa coisa de guerra entre elfos e vampiros, todos com metralhadoras e flechas dava um caldo massa. Na moral, dava até pra virar um filme ou uma boa série na Netflix.

Péssimo:

Não sei se por pressa ou por estilo, mas a arte do italiano Francesco Trifogli não consegue agradar. Se você for fazer uma rápida pesquisa sobre o trabalho dele vai ver que tem muita coisa boa. Mas em Hinterkind a impressão que se tem é que ele começa bem cada edição e depois vai ficando feio, preguiçoso, mal feito mesmo. Tem horas que chegam a ser tão ruins ao ponto dele desenhar um mesmo personagem diferente de um quadro a outro. Nota-se claramente que essa tomada não faz parte da trama da obra e não acrescenta em nada. E a pintura do Cris Peter segue a mesma linha. Tem uns quadros que chegam a dar raiva de ruins. Uns traços jogados como um adolescente brincando no Corel. Se você for feito eu, que detesta essas pinturas feitas no computador bizarras vai ficar puto também.

No Geral:

É uma obra no nível da Vertigo. Tem qualidade e tem conteúdo. Uma coisa massa também é que tem o bom e velho começo, meio e fim. Não é feito essas histórias que a gente sabe que vão dar um jeito de trazer o protagonista de volta a vida. Essa vale muito a pena ler.

Um detalhe massa: 

Esse nome da revista é muito chamativo, né não? Até tentei achar uma tradução mais ou menos para o título mas não deu em nada. O mais perto que achei foi do Alemão:

                                              Hinter= Atrás e Kind= Criança

Mas eu não me atrevo não. Se você souber aí me ajuda. E corre pra ler essa revista.

http://soquadrinhos.com/showthread.php?tid=25200

 

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