O Mundo Amado do Odiado Millar

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Quando a gente fala sobre Mark Millar, esse que é um dos 10 nomes dos quadrinhos na ultima década. Pelo menos. A ideia aqui não é fazer um copia/cola da biografia dele, falar das fases dele, do início pra cá e etc. Não. Tudo que tu precisa saber dele tem na internet e não precisamos desses manuais que só tomam tempo e enchem o saco. Queria aqui apenas trazer algumas dicas das leituras que eu fiz, trazer alguns exemplos de coisas que valem à pena ler e fazer de algumas características que fazem do Millar o mais amado/odiado também, no mundo dos quadrinhos.

Buscando Fórmulas:

 

Millar começou a ganhar espaço quando começou a remodelar, reescrever, traçar novos rumos para títulos já consagrados. E aí é que tá: com uma formação muito boa no mundo dos quadrinhos, esse escocês danado sabia bem onde queria chegar. Por exemplo, ele pegou X-men, Monstro do Pântano e os Vingadores (que ele chamou de Supremos) e meio que se especializou em dar nova roupagem para títulos que não andavam bem das pernas e deu sua marca. Marca boa. Inimigo do Estado, HQ do Wolverine é uma das revistas mais massas que você vai ler do melhor mutante que existe e uma das mais difíceis de achar. R.A.R.I.D.A.D.E completa. Item de colecionador. Depois que ele pegou uma moralzinha e virou uma espécie de Grife chic dos roteiristas, tanto em trabalhos com a Marvel e a DC, ele decidiu, segundo alguns, colocar de fora suas unhas: passou a adotar uma postura comercial, meio que repetindo certas características, receitas de sucesso, temas e abordagens que lhe garantiriam além de muitas vendas, um pretenso futuro no mundo da interação da informação e da indústria cultural, já que, tu sabe, quando alguma obra da cultura POP faz um certo sucesso, vira roteiro pra filme, série nesses catálogos do mal, peças de teatro (mentira. Só Yuyu Hakushô e Rei Leão que podem fazer isso), camisetas, livros, canecas, motivo pra nerds ficarem brigando em grupos de WhatSapp brigas de família. Sério. O Mark Millar queria entrar no seleto grupo de nerds dos nerds, especializados em acabar com casamentos. Dá pra tu?

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Bons Parceiros:

            Uma das coisas que Millar fez bem foi cultivar uma boa amizade com boas pessoas. Dizem as boas línguas que ele divide os lucros e dividendos de seus trabalhos com seus ilustradores. Alguns nomes como Romitinha Jr, Dave Gibbons, Mcniven, Frank Quietely entre outros. Seu primeiro pico de glamour foi quando desenrolou a genial Guerra Civil, projeto ousadíssimo. Com Romitinha ele fez Kick-Ass e caiu nas graças do mundo do cinema. Dizem as boas línguas que suas obras passaram a ter esse lance de parecer com um roteiro cinematográfico. E é mesmo. Meio que apadrinhado por Grant Morrison lá trás, e tendo recebido as benção de Brian Michael Bendis, o danado passou a ter carta branca para meio que fazer o que quisesse. E deu no que deu. Entre a Foice e o Martelo é uma das obras mais respeitadas até hoje entre os fãs (ou não) do Superman. Com o passe-livre ele começou a pintar e bordar. É quando surge a MillarWord, sua máquina de produzir boas revistas.

 

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2 + 2 é 4 até na China, boy!

 

Uma das críticas que fazem ao Millar (e justas) é essa coisa da fórmula do sucesso que ele insiste em perseguir e tem dado certo. O problema é que é enjoativo. Tipo, todo o quadrinho que leva seu nome acaba por ser repetitivo. Ele se utiliza de alguns mecanismos para basear seus roteiros que, diga-se de passagem, apesar desses ‘defeitos’ são muito originais e bem escritos. Dito de outro modo é difícil tu não gostar do que tu vai ler, justamente porque ele parte de um lugar comum (pra não perder dinheiro) e coloca mais uma vez suas garras de fora. Eis alguns desses ‘vícios’ de roteiro:

a subversão do herói: tão ligados no lance do Super em Red Son, num é? “o que teria acontecido se o filho de Kripton caísse na URSS em vez dos EUA?” essa ideia é muito genial. O problema é que ele faz isso repetidamente. É assim em Nêmesis, que é uma espécie de Batman Coringa, A Ordem Mágica (um Harry Potter pra adulto) e, claro Kick-Ass e o Legado de Júpiter (que é um Watchmen atualizado). REPITO: isso não quer dizer que é ruim. Mas você saca de cara que ele brinca com um certo (des)conforto pelo fato de ter uma ideia familiar naquela revista;

os temas atuais, cotidianos e políticos: toda trama dele é trazida para o mais próximo de nós e de nosso mundo. Esse é o lance: criam empatia, fazer a gente se identificar de cara com a história. Assim, ele coloca um conflito entre pais e filhos super-heróis, um jovem sem poderes que quer enfrentar o crime pelo fato de sua vida ser uma merda, a heroína que descobre que está grávida de um vilão, a corrupção do sistema vigente, as críticas sociais sarcásticas e ácidas. Tá tudo lá. Em casa obra. Torna a obra previsível;

a violência gratuita e exagerada: parece que ele gosta de colocar um toque “Nonsene” em seus roteiros. Do nada tem um tiroteio daqueles, muito sangue, alguém perfurando o outro com uma espada e as tripas saindo, jorrando sangue pra tudo que é lado. Sim. Ele gosta. E a gente também.

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Vai ler o cara, vai:

Pra não ficar em muita enrolação, dei alguns exemplos de coisas que eu li dele e achei massa. Renascida, American Jesus e Empress são os títulos dele que estão um minha lista de leituras futuras desse gigante. Renascida é talvez a obra mais original dele. Espero tirar a dúvida por esses dias. As continuações de Hit-Girl e Kick-Ass não recomendo. São variações do mesmo tema. Chegam a ser chatos. E Kingsman é ruim na HQ tanto quando no filme. Esse ele fez com preguiça. Ele e toda a equipe. De resto, vai ler a obra do cara que tu num vai se arrepender mesmo.

 

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Alguns pontos positivos:

– original apesar de repetitivo;

– os roteiros deles sempre são eletrizantes, cativantes e muito, mas muito bem escrito mesmo;

– pelo fato dele saber escolher quem vai trabalhar com ele, suas obras meio que valem o preço que cobram;

– esse lance dele de iniciar uma série, terminar e pular pra outra é algo genial. Ele simplesmente já saiu desse hall dos caras que só tem um personagem pra trabalhar.

 

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