Àquele Quadrinho…

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Spawn e a Herança dos anos 80 elevada ao cubo

 

 

Em 1992 surge a Image Comics, tendo como carro chefe o Spawn, soldado do inferno e um geniozinho do mercado editorial chamado Todd McFarlane. Como tu deve tá ligadx, o mundo dos quadrinhos é bem cíclico. Ele vive da reciclagem, da recriação e da remontagem dos mesmos personagens (que eu chamo de ícone: Tipo de representação artística; Algo ou alguém que se distingue ou simboliza determinada época, cultura, área do conhecimento; Signo que expressa uma relação de semelhança ou analogia com o objeto que designa ou representa). Como a chamada nona arte é feita a várias mãos, e a indústria cultural movida por essa mídia se caracteriza diretamente com o meio editorial, ou seja, se a história é boa e arte cativa, vende feito água no calor do Recife ou sofre toda uma mudança radical, uma espécie de volta na cronologia toda do título ou mesmo do personagem. Por isso que existem esses reboots da DC ou da Marvel periodicamente. Seja essa mudança por uma questão de necessidade (como o caso da icônica série Crise nas Infinitas Terras) ou por uma questão de atrair novos fãs ou mesmo ganhar dinheiro (Novos 52, Renascimento, Nova Marvel, etc.).

Acontece que a Image foi responsável por uma revolução na forma de trabalhar os quadrinhos como indústria. Nos anos 80 foi mudada a forma de FAZER quadrinho. Frank Miller, Alan Moore e seus estilos únicos deram uma sinalização pra indústria que havia um novo mercado a ser BEM explorado: os chamados quadrinhos adultos, coisa que foi BEM explorada pela Image com seus talentos recém-saídos da república do Café com leite Marvel V DC.  Naquela época os desenhistas e roteiristas não tinham muito retorno daquilo que produziam (vocês devem tá ligado na briga- todas elas- do Alan Moore, por exemplo, com a DC e também com a Marvel), aí surge o McFarlane com a proposta de lançar material inédito dos artistas mais na moda da época, além deles decidirem pra onde os dividendos e os rumos de seus personagens iriam. Ele, por exemplo, era O CARA do Homem-Aranha. Jim Lee tirava onda com os X-men e por aí vai. Agora iriam ditar as rédeas de seus traços. Vê que coisa.

Spawn foi o carro-chefe dessa guinada da Image. Pra vocês terem uma ideia (ou relembrarem disso), tudo que foi feito nos anos 90 em termo de quadrinhos, tentou alcançar ou perseguir uma certa fórmula que, cá pra nós, não existia em títulos como O Cavaleiro das Trevas nem em Watchmen.  Aí a criação da Image teve um lado bom: novidade pro mercado, o mainstream tendo que se reinventar (ou pelo menos tentar fazer diferente) dando mais autonomia e garantias para seus trabalhadores, e o lado ruim: tudo queria ser no tom das revistas dos anos 80. Foi dessa efervescência que veio o selo Vertigo, da DC. Mas o Spawn , que era uma mistura do Homem-Aranha com o Batman, não agradava muito do ponto de vista do conteúdo. É um negócio que o povo dos quadrinhos conhece como “Massaveísmo”.

Mas olha como a narrativa realista de Cavaleiro das Trevas caiu de jeito em Spawn e como ele soube usar essa fórmula até o talo. Se o problema era escrever um bom roteiro, chama nomes como Neil Gaiman, Alan Moore ou o tio Frank Miller pra dar uma força (claro que teve treta também). Brinquedos, camisas, filmes (meu Deus aquele filme que passava no Cinema em Casa, de tarde, que a gente corria… pra não ver). O Marketing fez da revista um ícone lá fora e aqui nem se fala. O fato de ser quinzenal, com um preço mais ou menos e a oportunidade de montar sua própria coleção era algo demais.

 

Mas, aí, na moral, tem umas sacadas tão massa no Spawn, como o fato do personagem principal ser um negão e o clima detetivesco-dramático-policial caiu mesmo gosto do público. Ou seja, não tem como não negar que o persona é original pacas. E a Image Comics, depois de idas e voltas, depois de pegar uma experiência de leve, hoje é a referência que é. E o Spawn tá por aí batendo recordes.

 

 

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