O Assunto é Outro. . .

óleo em alagoas

 

51 dias. Foi esse o tempo que as forças armadas brasileiras levaram para iniciar seus esforços para conter os estragos ambientais causados por um suposto vazamento de óleo nas praias do Nordeste, atingindo já a marca de 78 municípios em nove estados da região. Mas parece que o patriotismo importado do governo o impediu mais uma vez de se quer se posicionar o problema, já que o mesmo parece querer governar o país por meio das redes sociais. Enquanto o presidente viaja para vender o país lá fora, aqui, seu vice-presidente faz piada com a manifestação do Greenpeace e seus ministros demonstram bem o nível de comprometimento com os problemas socioambientais e que, definitivamente, o assunto é outro.

Pernambuco, com 10 cidades afetadas pelas manchas, com mais de novecentas toneladas de resíduos recolhidos em suas praias, a grande maioria deles por meio de voluntariado, recebeu a visita de três ministros do governo durante as primeiras notícias de locais atingidos no estado e, pra variar, não passou de “mise en scène”, ou, como dizemos aqui em Pernambuco: “conversa pra boi dormir.

Temendo as críticas das autoridades locais, que cobravam um posicionamento do governo federal, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, pediu para que não se “politizar” o assunto. Coincidentemente o mesmo não perde tempo em afirmar (quase tão sem provas quanto os órgãos federais envolvidos até agora no caso) ser o governo da Venezuela o culpado  pelo aparecimento das manchas, além de atacar, via redes sociais (padrão governamental desse governo entreguista) o Greenpeace pelo ocorrido. Uma coisa que mudou com a sua chegada foi a postura do exército, que passou a impedir os voluntários a fazerem seu trabalho, mesmo com os militares chegando tarde nos locais atingidos ou se preocupando mais com a cobertura dos veículos de comunicação do que em recuperar o tempo perdido por eles.

Já o ministro do Turismo, Álvaro Antônio, veio ao estado para assegurar aos empresários locais das principais praias (algumas inclusive nem atingidas ainda) a manutenção  das benesses meramente econômicas e blá blá blá (continuar, claro)

Mas o melhor foi a participação do ministro da justiça, Sergio Moro, que veio ao município de Paulista, região metropolitana do Recife, para falar sobre seu programa Em Frente Brasil, dia 21 de outubro. Durante uma coletiva de imprensa, perguntado por uma repórter local sobre “quanto e quanto o governo iria enviar ajudar” já que o mesmo “representava o governo” e estava em atividade oficial no estado, Sergio Moro foi categórico: “o assunto aqui é outro”.

Pois é. Durante mais uma crise ambiental,talvez a maior de na história de nossos mares, o presidente, demonstrando seu compromisso: vender a nação para os países imperialistas. Enquanto famílias inteiras se desesperam por seu futuro, sobretudo as  que possuem relações diretas de trabalho com o mar para sobreviver, o presidente viaja para fazer turismo, deixando seus  representantes para rebaixar o esforço coletivo da população em sanar um dano talvez irreparável, além de mais uma vez se omitir em relação a origem, disponibilizar recursos e mão de obra especializada para, quem sabe, ter o menos possível de danos nessa situação.

Dois dias depois dessa infeliz colocação de Sergio Moro, considerado um dos pilares do atual governo, as manchas chegaram a Paulista, trazendo preocupação para a população local.