Aquele Quadrinho

As cinco melhores histórias de Sandman Edição Definitiva (Volume 1)

 

 

     Sem dúvida Sandman é a principal obra em HQ do genial Neil Gaiman. Recentemente a Panini relançou a série comemorando os 30 anos do título (detalhe: cheia de erros e cagadas que a própria editora teve que fazer um recall pra repor os compradores). Detalhe: se tu não gosta de literatura, é melhor não ler. Na moral. Sandman NÃO é um quadrinho de super-herói, não é uma HQ de ação, nem de terror. Gaiman, ao pegar um personagem que já existia e modificar tudo a seu redor (e olha que a Vertigo nem existia ainda), simplesmente conquistou a liberdade que queria para fazer seu trabalho. Então, Sandman possui ritmo, pegada e abordagem bem peculiares. Outra coisa bem pessoal é que você (se já tem aquela edição definitiva da Panini, dividida em quatro partes) não precisa comprar a nova versão. Opinião minha. Até pelo fato de que Sandman também não é uma revista pra se ler no busão, no meio da festa, nem levar por aí sorridente. Na moral, Sandman é pra tu ler com calma, atenção e ficar muito ligado. Aparentemente as histórias podem até serem distintas mais tudo tem uma ligação.

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      Em Sandman, Neil Gaiman nos brinda com um mergulho num universo muito bem escrito, pesquisado e costurado. A edição definitiva volume um tem as 20 primeiras edições do Sandman e aqui eu separei as minhas cinco preferidas, pra falar um pouco delas e comentar. São elas:

 

  • 1) “24 Horas” (edição #6): essa é uma das histórias mais assustadoras que tu vai ler nos quadrinhos. Sério. Não tem coisa melhor (ou pior). A ideia é a seguinte: Sandman começa com a prisão de “Sonho”, um dos seis perpétuos e protagonista da série. Ao sair da sua prisão ele vai atrás de suas três “ferramentas/armas”: A máscara, seu rubi e a bolsa com areia do sonhar. Bem. Ele consegue pegar a máscara e também o saco de areia. A dificuldade é com sua gema/rubi, que está com John Dee, conhecido como Doutor Destino, que usa os sonhos para manipular as pessoas. E é isso que ele faz aqui. Ele pira uma galera numa lanchonete e faz essas pessoas cometer os mais diversos crimes e bizarrices. É um mergulho na loucura, na danação da mente humana e de um terror psicológico genial;
  • 2) “O Som de Suas Asas” (edição #8): Aqui temos a primeira aparição de Morte, irmã de Sonho e também sua amiga, ouvinte e etc. Gaiman não segue certos padrões para apresentar os personagens em Sandman. Muitas vezes um personagem aparece em uma história e é retomado mais pra frente. Ou seja, nada é jogado fora. Essa história é assim que o Sonho retoma seu lugar de destaque, ele tem todo seu reino para reconstruir e ele está pra baixo, deprimido, quando ela aparece e, assim, é um momento tocante e uma história linda, sensível, sobre a existência humana, sobre a brevidade da vida e sobre as pequenas coisas e os pequenos momentos da vida. O estilo de Morte é coisa que é elogiada até hoje;
  • 3) “Homens de Boa Fortuna” (edição #14): é recorrente nas obras de Gaiman a pesquisa e a reflexão sobre a arte e a literatura. E essa história é muito original. Sandman e Morte estão conversando em uma taverna, isso em mil novecentos e bolinha e, de repente, um cara lá conversa com os amigos falando algo como “morrer é coisa sem sentido algum”. O nome do indivíduo é Hob Gandling e ele era um enorme Zé ninguém. O problema é que a conversa dele chama atenção de Morte, que decide deixa-lo imortal até o dia em que ele decida abrir mão da vida e decida “querer morrer”. Mas o cara não deseja. A cada 100 anos ele e Sonho se encontram no mesmo bar para colocar o papo em dia e ver se o alegre Hob mudou (ou não) de ideia. E é um pano de fundo para tratar sobre amizade;
  • 4) “Calliope” (edição #17): mais uma reflexão sobre a arte e a literatura. Calliope é a primeira das nove musas da Mitologia Grega. Sendo que ela é a musa da poesia. Pois bem. Um oportunista consegue captura-la e fazer com que ela lhe conceda inspiração para que ele escreva um bom livro e ele faça sucesso. Isso ocorre. Anos mais tarde, velho e famoso, o tal escritor decide passar pra frente a sua musa, vendendo-a para outro escritor iniciante mas que não está conseguindo fazer sua segunda obra. Pois bem. Ele consegue fazer muito sucesso, explorando de todas as formas possíveis sua musa. Essa história é tensa e densa. Com algumas boas pitadas de crítica social e reflexão sobre até que ponto o individualismo leva o indivíduo na busca por poder, fama e grana;
  • 5) “Um Sonho de Mil Gatos” (#18): uma sátira a nossa sociedade, sua política, mora e costumes: um grupo de gatos se reúne para ouvir as palavras de certa gata. Ela fala seu testemunho e apresenta uma visão que teve, sobretudo após passar por uma triste situação nas mãos dos humanos. É tão simples ao mesmo tempo em que é muito sutil e direta na mensagem que deseja passar.

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     Sandman surgiu na esteira de obras de Allan Moore como Monstro do Pântano, Watchmen, e o Cavaleiro das Trevas de Frank Miller.  Ou seja, o chamaram para remodelar a forma de ver, fazer e consumir quadrinhos, e ele fez isso brilhantemente. Depois eu volto com as minhas histórias dos outros volumes. Detalhe: aqui é somente um resuminho básico. Nada se compara a você ler por si mesmo e tirar suas conclusões. No meu caso, eu consegui o volume um da edição definitiva do Sandman com um brother que não tinha gostado do que leu, mas havia comprado pela fama da revista. Que bom.

 

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