Lula Livre Não é a bandeira Principal

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    A prisão do ex-presidente Lula foi arbitrária, um golpe a nossa democracia e uma das maiores enganações já vistas na jovem história de nossa democracia. Ponto. Agora, querer transformar a liberdade de Lula na principal bandeira dos movimento sociais é, no mínimo, uma forçação de barra e um erro por parte da direção petista. É perfeitamente entendível que os membros do PT queira ver seu maior nome e expressão livre e, claro, essa deve ser uma causa que diz respeito a todo amante da liberdade, mas não o nosso norte. Veja: a prisão de Lula foi a cereja do bolo dos conservadores. Prende Lula, inviabiliza sua candidatura, deixa AS Esquerdas desarticuladas e emplaca um candidato à direita, seja ele quem fosse. E vimos no final o resultado.

    Mas, qual a questão? É preciso que se faça uma análise de como a conciliação de classe do PT com essa mesma burguesia nos trouxe, quer eles queiram admitir ou não. Ser contra a política golpista de Sergio Moro e esperar que ela fosse justa é demais. Se inocente, não teria se entregue naquela fatídica tarde de 7 de abriu de 2018, num sábado tenso e denso. “Responsabilidade”. Essa foi a palavra usada para argumentar cair nas mãos dessa justiça injusta. Todo nós sabemos que essa Lava-jato serviu para promover o Sergio Moro, dar pano pra imprensa reacionária nacional e preparar o terreno para tirar a socialdemocracia de cena. Não que a burguesia nacional estivesse de mal com a socialdemocracia. Longe disso. Ela apenas perdeu a sua (previsível, não?) validade.

    Um dos papéis da socialdemocracia SEMPRE foi frear a revolta e a vontade de mudar do povo. Voltam para a mesma tecla: torcer que o governo atual dê errado e esperar pelas próximas eleições. Enquanto isso o distanciamento das grandes pautas populares ficam cada vez mais distantes. “Eleição sem Lula é fraude!” e lá foi o PT participar das eleições. E olhe a postura do Haddad: não fez um enfrentamento no primeiro turno ao fascismo, ao bolsonaro e a política que ele defende. Aliás, nesses governos petistas pouco se fez para combater o crescente fascismo no país. A Comissão da Verdade, por exemplo, pouco avançou no quesito Justiça, sem PUNIR torturadores nem muito menos abrir os arquivos dos 21 anos de ditadura militar no país.

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    Ou seja, conciliação de classes foi a tônica dos governos petistas. E isso sem falar dos arranjos incluindo nomes como Fernando Meireles, PMDB, Renan Calheiros e CIA. Ou seja, abrir caminho para a direita tomar conta do país e fortalecer o fascismo. Foi isso que a conciliação de classes sempre fez e aqui não foi diferente. Durante o golpe de 2016 foi feito toda uma mobilização. . . para frear a vontade de partir para o enfrentamento contra Temer. Por isso que assistimos em casa a votação, com 367 deputados votando contra a democracia, 137 contrários e 7 abstenções.  O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou o relatório pró-impeachment e autorizou o Senado Federal a julgar a presidente da República, Dilma Rousseff, por crime de responsabilidade fiscal. Uma vergonha.

    Ou o PT faz uma autocrítica profunda, severa, ou vai endireitar ainda mais. E Lula Livre não deve ser o centro, o norte a pauta principal dos movimentos sociais e dos trabalhadores. A luta principal é contra o fascismo.  E não adianta ficar esperando as próximas eleições, esperar o governo cair por si só ou continuar com os conchavos e negociações, como a que puxou o tapete da Marília Arraes para apoiar o PSB de Paulo Câmara nas ultimas eleições para o governo do estado de PE. Como disse o poeta: “Nada de Novo no Front”. . .

 

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Bom Disco Bom

   

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   Falar de um disco de cabeceira é fácil. “Millenium”, do Beto Rock e Studio 49 é clássico da infância. Além disso, é de um pernambucano.  Lançado em 2002, totalmente independente, apresenta o bom e Velho Rock and roll em suas origens. E vai além. O disco é cheio das baladas folks, reggae, jazz, soul, blues. Acompanhado da Banda 49 o cara dá um show de interpretação e bom gosto. Sim, tem horas que lembra um pouco a voz do Kim/Renato Russo da Catedral/Legião.

 Lembro que esse Cd foi comprado por meu irmão mais novo,Natanael Nascimento (vulgo, Bob) e deve ter custado uns 5 conto na época. Até hoje é um dos que eu mais escuto. Não sei como não decolou e tal. Pra ser ter uma ideia de como é bom, são 22 músicos de apoio na gravação do CD. Dá pra tu?Destaques para “eclipse”, “dilemas” e “rastafári “. O coroa do #betorock tira onda. E é de PE, terrinha q tem muita figurinha boa, mesmo. 

Esse vídeo é o único que se encontra no youtube. Acho que vocês vão curtir. Detalhe: essa música NÃO é do cd Milenium

 

E Se. . .

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    Sem dúvida, um dos principais filmes sobre quadrinhos já produzidos foi Corpo Fechado (Unbreakable,  de M. Night Shyamalan, lançado em 2000), diga-se de passagem, esse é um filme SOBRE heróis e não COM heróis, pelo menos, não aqueles que estamos habituados mas numa perspectiva de reflexão em boas doses filosóficas tentando trazer pra nossa realidade as possibilidades reais de ser ou não ser possível sair um pouco da curva e fazer algo diferente, ser diferente, fazer a diferença de uma maneira distinta. E dá muito certo.

    Filho das Trevas (Bright Burn, David Yarovesky, 2019) vai nessa mesma vibe, se apresentando como uma grande contribuição para expandir e explorar o mundo dos quadrinhos nas telonas. James Gunn, nada bestinha, soube aproveitar bem o momento em que o universo das HQs está tomando de conta da indústria cinematográfica e nos brinda com uma espécie de história original e bem escrita, uma espécie de história sobre o Superman nunca antes vista (e olha que, no mundo dos quadrinhos já fizeram de tudo. Ou, como mostra o filme, quase de tudo). E dá certo.

    Bright Burn é uma pequena cidade do interior dos EUA onde vive o casal Tori e Kyle Breyer (interpretados brilhantemente por Elizabeth Banks e David Denman respectivamente). Os dois estão quase desistindo de ter um filho quando, numa noite dessas aí inesperadamente, uma espécie de nave cai do céu trazendo um inofensivo bebê, logo adotado pelo casal, que o criam como seu maior tesouro. Até aí tudo parece um comercial de margarina, eu sei. Além de remeter ao personagem mais conhecido dos quadrinhos e um dos mais populares da cultura pop mundial: o Superman.

Elizabeth Banks (Finalized)

a mãe é o centro reflexivo do filme. nos transporta pra dentro da trama e faz isso muito bem.

    E é aí onde reside a originalidade e genialidade do time de James Gunn, ao ousar brincar com uma história tão popularizada que todo o grande público se identifica logo de cara, basta uma olhadela no trailer. E não é por menos; o Super é nada mais nada menos que uma metáfora de Jesus Cristo e têm oitenta anos de muito sucesso nos quadrinhos, cinema, TV e etc. A sagacidade do time Gunn reside em recriar o mito do extraterrestre vindo para nossa terra, porém, em um conto de terror bem escrito.

    O esquema é o seguinte: o comercial de margarina acaba quando, do nada (como sempre) o moleque Bradon (feito muito bem pelo Jackson Dunn, pirralho esquisito, diga-se de passagem) começa a ter umas ‘visagens’ e ouvir umas vozes do mal que despertam nele um lado nada bonito. O resto você imagina. Filho das Trevas segue a linha de algumas histórias clássicas dos quadrinhos que reescreve a origem dos mais aclamados personagens. Um bom exemplo desses foi a minissérie Red Son (intitulada no Brasil de Superman: Entre a Foice e o Martelo). Lançada em 2003 e aclamada por crítica e público, Red Son simplesmente remonta a história do kriptoniano colocando-o para aterrissar na União Soviética no lugar dos EUA, em pleno auge da Guerra Fria. A obra é de autoria de Mark Millar vale mais pela sua originalidade do que pelo conteúdo, propriamente dito.      Bright Burn vai na mesma pegada, remexendo nossa mente com uma idéia que, aposto, você também nunca pensou: “E SE O SUPERHOMEM FOSSE DO MAL?” Imagina se, no lugar de usar uma cueca por cima das calças e tirar gatos de cima das árvores, um alienígena pensasse que simplesmente deveria dominar o mundo todo? Imagine isso com uma fotografia bem feita, um cast de atores ótimos e um roteiro que não deixa furo, bem redondinho, tudo em uma hora e meia de filme? E o time Gunn consegue fazer isso, dando um show de bola.   Nos faz pensar em nossa humanidade, refletida pelo desejo do casal em ter um filho, nas vezes que a mãe finge não ver ou não querer aceitar as coisas que o filho faz ou a vontade de querer estabelecer nossas vontades a todo custo. Um filme que vale a pena.

 

Jackson Dunn (Finalized)

vai brincar de pega com uma benção dessa…