O ‘novo’ garoto do Inferno

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Com direção do experiente Neil Marshall e atores do peso de Milla Jovovich, Ian McShane e o próprio David Harbour interpretando o demônio vermelhão do bem, a nova versão de Hellboy, na verdade o reboot (reinício) após não rolar o terceiro- e esperado- filme do Guillermo Del Toro, é uma ode ao mundo dos quadrinhos e não tem nada de tão ruim como tanto disseram os sites especializados. Hellboy talvez tenha caído no erro de:

 1) querer pegar a onda dos filmes inspirados em HQs e

 2) querer pegar a onda dos Vingadores e CIA. Ou talvez não.

Se olharmos por outro ângulo podemos também dizer que a produção aproveitou o fato do herói ser menos conhecido, ser lançado depois de Vingadores: Ultimato e etc., para brincar e fazer um filme bem lado B, alternativo, fiel aos quadrinhos e voltado para esse público. Se essas teorias estão certas, menos mal. Mas não foi bem isso que aconteceu.

A história é até sólida, boa, com tudo pra dar certo. Mas não consegue. Um bom elenco, bons efeitos especiais, o próprio Mike Mignola na produção, a espera dos fãs. Ou seja, tudo para decolar. Mas aí tem uns problemas (que não vale nem entrar nos pormenores disso):

EU ACHO que, o fato de termos um diretor mais ligado e experiente em séries (Neil Marshall trabalha com direção e roteiro e assinou Perdidos no Espaço– Ruim pra caramba, Hannibal, GOT, Westword, Constantine e entre outros) tenha dificultado para amarrar bem o roteiro;

– o Roteiro, aliás, é muito pesado. Pegaram três arcos completos da revista do vermelhão para fazer um filme de duas horas. E um filme que se propunha recontar ou retomar a origem do personagem. Nesse ponto até certaram. Não se prendem muito nas origens (o Del Toro já mandou bem demais nisso) para ambientar o anti-herói e partir pra ação;

– muita informação no filme: parece mais um resumão de série misturada com um piloto muito cheio de pontas abertas para uma próxima temporada;

– muitos easter eggs acabam deixando quem não conhece o personagem nos quadrinhos ainda mais confusos. Diga-se de passagem, o personagem teve suas revistas aqui lançadas fora da ordem cronológica.

Ainda assim, as cenas de briga, os palavrões presentes, o sangue correndo solto e o carisma de David Harbour torna esse um Hellboy muito melhor que o anterior (os fãs religiosos que me desculpem). O enredo, baseados em “O Clamor das Trevas”, “Caçada Selvagem” e “Tormento e Fúria” conseguem ser muito próximos dos quadrinhos. Além disso, a deixa para uma continuação dá um tom de que esse filme AINDA vai render bons elogios futuros, já que detonaram o filme antes mesmo dele se quer poder ser visto pela grande audiência dos cinemas. Na real mesmo, fizeram foi uma fuleragem com o vermelhão. Lançar um filme B depois de vingadores, mudar a data de estréia, modificar os trailers quase se justificando pelo que foi feito, deu margem para todas as críticas. Um detalhe é que o filme vazou na net logo que saiu nos EUA. Quer dizer, não acreditaram que o filme daria conta do recado e, diferente de SHAZAM, não deu conta mesmo.  E parece que não é dessa vez que a gente vai ver o diabão completar uma trilogia decente. Ou seja, não veremos sua volta para o inferno nem a sua morte, graças a esse fracasso que foi, não o filme em si, mas a sua condução.

Obs:

Nimue, também conhecida como a Dama do Lago, é uma feiticeira personagem da mitologia do Rei Arthur. É da genialidade do Mignola em pesquisar e encaixar bem esses mitos dentro do universo dos quadrinhos de Hellboy. A Rainha de Sangue volta a vida para se vingar da humanidade e se depara com o armário de chifres cortados. Ela pretende transformar Hellboy em seu noivo enquanto destrói tudo, fazendo dele uma arma para o fim do apocalipse. É esse o mote do filme. Num é bom? Num é rochedo? Num dava para fazer um filme só e deixar pano pra manga, assunto pra um próximo? Agora é ver no que dá. Ou não.

 

Links para os quadrinhos que inspiraram o roteiro do filme:

  1. O Clamor das Trevas:

http://rapaduradoeudes.blogspot.com/2017/08/hellboy-volume-06c.html

  1. Caçada Selvagem:

http://rapaduradoeudes.blogspot.com/2017/08/hellboy-volume-07.html

  1. Tormenta e Fúria:

http://rapaduradoeudes.blogspot.com/2019/05/hellboy-vol-09.html

E ainda tem o nosso Podcast falando sobre essa relação adaptação X obra original:

https://www.spreaker.com/user/11077999/episodio-20-o-hellboy-novo-e-de-lascar?utm_medium=widget&utm_source=user%3A11077999&utm_term=episode_title

Guerra pela Educação

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A manifestação de ontem desmistifica aquela ideia do senso comum que a juventude está parada, que os movimentos sociais estão desgastados e que o jovem não quer saber de política. A manifestação de ontem prova que, quando a pauta é construída de maneira séria e toca consegue ser algo central para uma determinada categoria essa pauta logra êxito. Não pense que basta criar um evento no Facebook que as pessoas vão. As pessoas se mobilizam quando é algo de seu interesse. E isso não tá errado. Errado foi a postura do ministro da educação ontem, diante dos representantes brasileiros. Arrogante, usou a tribuna para fazer discurso ideológico em detrimento de sua função delegada. Fez exatamente o contrário daquilo que o presidente prometeu em campanha: zelar por questões técnicas e não partidárias. Aliás, o presidente não tem a palavra EDUCAÇÃO em seu vocabulário. Atacou a autonomia Universitária, anunciou o corte e, como resposta as manifestações, jogou mais merda no ventilador. Vocês lembram daquele vídeo dele gritando com um adolescente durante um debate? Pois é. É assim que ele age quando é pressionado.
Mas não podemos nos enganar nem recuar. Ele não pode rifar mais um ministro e (pela sua arrogância e orgulho) não vai querer retroceder nos cortes. Isso significa que, mantendo os cortes teremos que pressionar ainda mais. Será preciso ainda mais mobilização e organização. E isso vai precisar de mais diálogo entre os setores da educação e a sociedade. Não poderemos ver, por exemplo, recuo por parte de sindicato A ou B por conta de acordos com determinado setor do governo. Dia 15 de Maio foi declarado uma guerra, e uma guerra não se vence em apenas uma batalha. O que está em jogo? Nossa sobrevivência. Não há como conceber um país sem ensino, pesquisa e extensão. Já vimos a educação ser sucateada tem muito tempo. E lutamos contra isso. Agora, a luta é para termos educação. Sendo assim, como disse Gonzaguinha, que acreditava na rapaziada, está declarado guerra. O ódio, O fascismo, o face News contra a disposição e a luta dessa juventude.

Fotos que nos Revelam Um Mundo…

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Celia Sánchez.

Celia, foi primeira mulher do movimento rebelde cubano. Fundadora e dirigente do Movimento 26 de Julho, organizou a expedição iate Granma com Frank País e foi a grande responsável pela distribuição da defesa de Fidel Castro “A história me absolverá”.
Em maio de 1957, Celia tornou-se membro de pleno direito do Exército rebelde da Serra Maestra, funda o primeiro Batalhão de mulheres Mariana Grajales e depois do triunfo da Revolução em 1º de Janeiro de 1959 se tornou uma de suas dirigentes mais ativas e queridas, até sua morte.
Fidel chamava-a de ‘A Flor mais autóctone da revolução’ e hoje seu nome está nas ruas, praças, escolas e em inúmeras meninas que em toda Cuba levam seu nome, numa homenagem das suas mães à heroína do povo cubano.

Lutar contra o imperialismo, contra o bloqueio econômico imposto à Cuba, pela devolução imediata de Guantánamo, pelo fortalecimento da revolução cubana e seus valores é a melhor maneira de homenagearmos esta grande heroína! Viva Cuba! Viva Celia Sánchez!

 

Bom Disco Bom

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Esse disco do grande Tom Zé fala por si só: “No jardim da política”. Gravado ao vivo, o espetáculo conseguiu dar aquela cutucada de leve, como aquelas boas indiretas que só o Tom em suas letras quase subliminares consegue. Gravado em 84/85, o trabalho indagava se a censura havia ou não acabado. Ou seja, o cara fez pra testar mesmo. “Democracia”, “desafio do Bóia fria”, “Marcha-partido” são apenas alguns títulos emblemáticos desse trabalho. Pra mim, o melhor disco do Tom.  À parte de nossa tragicomédia nacional. Vale muito escutar essa pérola!

Nossa Cultura é black, pô!

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Esse é Sebastião Bernardes (1915-1993) mais conhecido INTERNACIONALMENTE como Grande Otelo. Ator, comediante, produtor, compositor, diretor, preto da terrinha chamado brazil. A biografia de Otelo é algo que se mistura com a formação de nosso país. Seu auge, sem dúvida, foi quando interpretou Macunaíma, em 1969. Genial, foi um pensador e analista crítico de nossa cultura e sociedade. De uma clareza indescritível. Vinho da melhor pipa. Pense numa saudade. E o mais impressionante  depois de saber de sua história (mãe alcoólatra, pai assassinado, esposa que se matou depois de matar o filho) é saber como ele conseguia (e fazia questão de) manter o sorriso. Otelo nos dá orgulho de dizer que a nossa cultura é Black.

 

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Fotos que nos revelam Um mundo

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Camilo Torres (1929-1966): Morto em combate, principal ideólogo da chamada Teologia da Libertação. Camilo Torres é uma dessas figuras de nossa história que, sem dúvida, chama nossa atenção:  sacerdote católico que, entendendo como sua a responsabilidade de levar a verdadeira mensagem de Cristo, pegou em armas, entrou na guerrilha, doou sua vida em prol da liberdade de seu país e de toda América Latina. Camilo foi um dos fundadores da chamada Teologia da Libertação, a corrente mais avançada dentro do catolicismo. Um professor, um exemplo vivo. Um nome digno de ser lembrado. Para ele, era inconciliável ser cristão e não ser comunista.

Bom disco Bom

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“A Vida NÃO é Sopa”, de Lula Côrtes e Má Companhia. Esse disco é de 2006, se não me falha a memória. Eu precisaria de 2 séculos de palavras para falar sobre esse grande trabalho do mestre do “Udigrudi”, “outsider”, pintor, escritor, produtor cultural, agitador cultural pernambucano. Esse trabalho foi gravado ao vivo pelo pessoal do Sopa Diário, um programa do grande Roger, programa esse que apresentou a boa música pra muita gente. Foi lá que eu conheci o Lula Côrtes. Imagina a cena: o programa ia ao ar na TV Universitária de meio dia, na hora que só passava aqueles programas policiais. Aí o Roger colocava bandas e artistas para tocar ao vivo, além de trazer cultura viva pro nosso almoço. E lá que eu vi o Lula cantando “O Clone”, música que abre esse trabalho e, sem censura.

“Fica difícil/porque isso pra mim não é só um ofício/ eu podia ser político e fazer comício/ mas prefiro DAR UMA BOLA  e vir cantar” (…)

Eu tinha meus 16 anos, por aí, e lembro de pirar com aquela energia maravilhosa daquele senhor, velhinho, cheio dos cabelos brancos mas puro rock n’roll. Pra mim esse é o melhor disco dele, apesar da produção não ser lá essas coisas. Mas, quem liga? É Lula? Lula Côrtes em seu estado bruto. Pena ele ter nos deixado em 26 de março de 2011. Pois é, 8 anos. E tem uma lenda que ele teria deixado músicas inéditas gravadas. Não duvido. Ele era um inquieto. Esse disco, bicho, tu tem que ouvir, sacar, curtir, ter ele em tua coleção.

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King: Mestre da Literatura

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    Ter como contemporâneo um dos grandes da literatura mundial é algo que deve ser comemorado. Digo isso pelo fato de ter alguns nomes como (aqui no brazil) de Drummond, que nos deixou em 1987 ou na América Latina o de Gabriel García Márquez. Grandes autores, grandes obras ou mesmo uma ligação com seu tempo é algo intrínseco dessa relação autor X obra X público, como nos brindou Antonio Candido em sua profunda crítica literária.  Mas há aqueles autores que perpassam sua obra, liga-se com o seu tempo, conseguindo tornar-se um símbolo, uma marca, uma voz daquele determinado período.

    Em nossos dias, não há como reverenciar o maior autor de nossa contemporaneidade e um dos mestres da literatura mundial da história: Stephen King. Esse senhorzinho, que fará 72 anos em setembro desse ano, já lançou mais de 40 livros e se consagrou como um dos autores (talvez o maior) que mais teve obras adaptadas para cinema, quadrinhos, seriados, desenhos, teatro, nesse e em outros mundos.

    King está no seleto grupo de autores que representam uma época. Quando o escritor americano lançou, nos idos de 1974, seu primeiro romance, Carrie, a Estranha”, não imaginaria o alcance que chegaria seus escritos. Todo mundo deve ter assistido algum filme baseado em uma de suas obras sem nem se quer saber quem é o mesmo. Detalhe: a grandeza dele é exatamente ter conseguido transitar (sem perder qualidade) em várias linguagens.

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    Só para citar bons exemplos de filmes, podemos citar: “Conta Comigo”, “Um Sonho de Liberdade” e “À Espera de um Milagre”. Esses, com certeza, você deve ter assistido na Sessão da Tarde, no Cinema em Casa ou na Tela de Sucessos. Todos advindos de bons contos e/ou boas obras que renderam premiações, elogios e, claro, muitos livros vendidos ao redor do mundo.

     Ainda no mundo do cinema, Stephen King voltou a cena com o anuncio da refilmagem (remake) de “Cemitério Maldito”, que o autor teria gostado, segundo alguns sites especializados em cinema, ou a especulação de quem o badalado diretor James Wan (de Invocação do Mal e Aquaman, entre outros) estaria pensando em adaptar para as telonas outro grande título: o segundo título e responsável pela consolidação da carreira de King, “Salem’s Lot”, de 1975, chamado no brazil de “A Hora do Vampiro”.

    Detalhes: esse livro, apesar de ser muito badalado, ainda não tinha ido para o cinema. Houve sim série baseada no livro para a TV (“Os vampiros de Salem”, se não me engano, era do Tobe Hooper, isso foi em 1979, mas foi apenas inspirado no livro, ou seja, não foi se quer uma adaptação).

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     Outra coisa massa para se falar sobre o autor é sua principal (pra mim, tá? Não se sinta constrangido em discordar) característica de escrita: o terror psicológico. Se o também americano, Edgar Allan Poe (1809-1849), de quem King é herdeiro literário direto e principal influência, também ousava e usava dessa forma, King vai se distinguir por levar o leitor para a reflexão, utilizando o sobrenatural apenas como mero pano de fundo para grandes questionamentos sobre a condição humana e social e etc. se o Gato de King era elemento próximo da loucura e da punição (divina ou não), o Gato de King (me referindo, claro, ao Cemitério Maldito e o Gato Preto, obras obrigatórias para quem deseja conhecer os dois autores) é elemento de uma discussão inicial, um medo inicial, uma situação que se tornará, mais tarde, ponto de inflexão, brigas, dramas familiares, coisa que King sabe fazer bem. Aliás, confundir o leitor colocando temas inspirados na vida real é coisa que ambos faziam bem, mas King se supera: Em Salem temos um escritor querendo fazer um livro para se consolidar no mercado editorial, em “O Iluminado” (que possui uma marca: a melhor adaptação para o cinema da obra de King e a que ele mais detestou.

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    Aliás, já que estamos falando nisso, as duas obras que King mais gostou de ver no cinema foram Conta ComigoStand By Me, de 1986 com nomes como Corey Feldman, ícone do cinema juvenil dos anos 80/90 de Rob Reiner e Um Sonho de liberdade- The Shawshank Redemption, 1994, direção de Frank Darabont com Morgan Freeman e Tim Robbins. Curiosidades legais desses dois filmes (pra mim tão em todas as minhas listas de filmes preferidos) é que ambos são contos retirados de uma única obra, lançada em 1982 como resposta aos críticos que diziam que o autor não conseguia mudar o temário. Aí ele lança “Different Seasons” (as Quatro Estações, no brazil) e se utiliza de temas como Rita Hayworth, suas memórias da infância e uma agilidade em contar uma boa história e dá nisso. Outro detalhe: em “The Body”- Stand by Me no cinema temos um escritor relembrando de sua infância.

     E é essa sacada do autor: ele não tem nenhum problema em querer (e tentar e conseguir na maioria das vezes) de nos confundir/sensibilizar expurgando, ou não, ao expor seus próprios damas.

     O fato é que cada época produz seu grande bardo. Se tivemos Cervantes, Tolstói, Alighieri, Shakespeare, Camões, Saramago, Neruda, o próprio Poe, temos que nos orgulhar e enxergar que Stephen King simplesmente é o maior escritor da virada do século XX para o XXI, e que será lido, lembrando, estudado, citado nos próximos séculos, tanto pela forma como conseguiu adaptar seus escritos para todo tipo de público ou de linguagem, plataformas, temas e popularizar ainda mais a literatura.

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Eu indico:

Livros-

Salem’s Lot (1975)- A Hora do Vampiro;

The Shining (1977)- O Iluminado;

The Dark Tower: The Gunslinger (1982);

Pet Sematary (1983);

Under the Dome (2009);

Doctor Sleep (2013);

 

Evite-

“O Apanhador de Sonhos” (Filme);

“O Nevoeiro” (Série);

Obs: tem uma adaptação de O Nevoeiro (filme) que é legal.