Nossa Cultura é Black, pô. . .

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Não vou me repetir sobre a genialidade de “Dom Maia” (para os íntimos) e sim de sua inconsequência. não fosse a sua loucura (que eu não romantizo nem coloco vela) ele estaria fazendo sua arte. a verdade é que seus primeiros 5 discos foram geniais. depois, caiu na burocratização do mais do mesmo. esse MESTRE foi uma verdadeira metamorfose ambulante. e isso não tem nada de belo.

Uns bons discos…

o milagre dos peixes

“O Milagre dos Peixes”, de 1973. Pra mim esse é o melhor disco do Milton Nascimento. Perseguido, ele podia ter se exilado fora do país e não enfrentar o regime. Não fez. Teve várias músicas do disco censurada (acho que 8, das 11 faixas, se não me falha a memória). Lançou o disco mesmo assim. Sabe aquela história da bíblia da pesca maravilhosa? Pois é. Nesse disco, Milton e seus parceiros (entre eles o grande Fernando Brant) fizeram uma alusão ao falso milagre econômico do país promovido pelo regime militar. Ousadia maior que essa? Mergulhou numa luta que ele nunca reivindicou pra si. Um disco necessário pra se conhecer nosso país.

Retrospectiva retrô. . .

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Foto de “How It Ends”, filmão da Netflix. . .

 

2018 foi um ano bom/ruim demais. Pra mim e pra muita gente. Ainda assim, viver é preciso. e decidi fazer uma pequena lista de 10 momentos importantes para “dicar” e deixar registrado. Um top 10 no estilo retrospectiva, não necessariamente nessa ordem.

PIORES LIVROS LIDOS EM 2018:

  1. “Assassin’s Creed”, de Christie Golden. Aquela leitura que você já começa querendo acabar. . . (https://deskgram.net/p/1934552904317102250_2242210314)
  2. “Admirável Mundo Novo”, de Aldous Huxley. Muita badalação e fama para o livro, mas a leitura não empolga. . . (https://deskgram.net/p/1917140219166383698_2242210314)
  3. “Diários do Vampiro”, de L. J. Smith. dos três, esse foi o menos ruim. (https://deskgram.net/p/1855225341654525685_2242210314)

MELHORES LIVROS LIDOS EM 2018:

  1. “Tudo Pelos Ares”, do pernambucano Zé Nivaldo Jr.  Esse é bom demais, jr… (https://deskgram.net/p/1775117499772448270_2242210314), além da matéria que fiz para o site do jornal A Verdade (http://averdade.org.br/2018/05/jose-nivaldo-tudo-pelos-ares/)
  2. “A Hora do Vampiro”, do Genial Stephen King. E imaginar que esse foi apenas seu segundo livro. . . ( https://deskgram.net/p/1850506190042104992_2242210314 )
  3. “American Gods”, de Neil Gaiman. . . dica mais do que urgente. . . (https://deskgram.net/p/1911398404911831120_2242210314)

OS MELHORES QUADRINHOS LIDOS EM 2018:

  1. “Leões de Bagdá” (Pride of Baghdad).   Essa é um romance gráfico (Graphic Novel) lançado pela Vertigo, selo de quadrinhos mais adultos da DC Comics, no ano de 2006. Assinado por Brian K. Vaughan e desenhada por Niko Henrichon, a HQ narra a história de 4 leões que conseguem fugir do zoológico, após bombardeio na cidade de Bagdá. A Obra, baseada num acontecimento real, foi premiada e elogiada muito bem pela crítica especializada.
  2. “Lúcifer”. A nova série baseada no personagem de Gaiman em Sandman foi a melhor revista do ano. As três edições. (https://deskgram.net/p/1856680012155792373_2242210314)
  3. “1602”  também de Neil Gaiman. Esse clássico faz uma releitura dos pincipais heróis da Marvel com uma pegada que só o Gaiman poderia fazer (https://deskgram.net/p/1734559315186176839_2242210314)

OS PIORES QUADRINHOS LIDOS EM 2018: 

  1. “Level E”. As três edições. De Yoshihiro Togashi (autor de clássicos como Hunter X Hunter e Yuyu Hakushô) esse mangá consegue mangar da nossa cara de tão terrível. (https://deskgram.net/p/1779477952216728746_2242210314)
  2. A Pior fase do Superman: depois da canônica Morte e Ressurreição, inventaram essa saga que, na moral, só deu raiva…. (https://deskgram.net/p/1727978230861586406_2242210314)
  3. “Shazam” (formatinho da abril, anos 90, depois da saga zero hora). De cada 20 história desse personagem, apenas 1 presta (https://deskgram.net/p/1913557940657507115_2242210314)

OS MELHORES FILMES ASSISTIDOS EM 2018:

  1. “Um Lugar Silencioso” (show de bola. não é bem aquilo que pensei ao ver o trailer mas é muito original);
  2. “Guerra infinita” (confesso que me surpreendeu);
  3. How It Ends” (da Netflix). com Theo James e Forest Whitaker esse longa consegue nos transportar para dentro de uma reflexão e conflitos como nenhum outro filme do gênero fez até agora. Espero que tenha uma continuação. . .

juro que eu tenho que continuar essa retrospectiva. . .

Nossa Cultura é black, pô. . .

djavan

 

Djavan. esse “Senhorzinho” chegou na casa dos 60 impecável. literalmente. autodidata, possuidor de uma linguagem musical única, impressionou e impressiona com harmonias complexas, letras trabalhadíssimas e um balanço que é de deixar qualquer um que gosta de música de queixo caído. apesar de ter caído numa certa musicalidade industrial sem muito sentido, sua figura figura entre os eternos de nosso sentimento e ritmo. em seus primeiros discos (meus preferido e, na minha opinião, os melhores de sua carreira) Djavan conseguiu unir toda a musicalidade regional ao seu violão com uma métrica, rima e poesia inusitada e inflexiva. “quase um parnasiano”. o poeta de versos como “nenhum dia”, “samurai” e “eu te devoro” (altamente comerciais) também foi capaz de criar clássicos como “Flor de Lis”, “Cara de Índio”, “Pétala” e muitas outras pérolas de nossa MPB. tem pra quê dizer mais?

Fotos que nos revelam Um mundo. . .

jorge

No parlamento

Em 1945 Jorge Amado é eleito o deputado mais votado de São Paulo pelo PCB. Uma de suas grandes contribuições enquanto parlamentar foi a lei que garantia a liberdade de culto. Detalhe: ele não queria exercer a função legislativa. Não se sentia à vontade como parlamentar. Anos depois ele se afastaria das atividades políticas para se dedicar inteiramente a vida literária.
Em junho de 1981 ele deu entrevista ao editor Antônio Espinosa, da revista Literatura Comentada. Aqui reproduzimos um fragmento dessa entrevista, onde o autor fala sobre sua formação politica, especialmente no que se diz respeito à formação teórica. Tal fragmento nos ajude a perceber e entender algumas posturas tomadas pelo autor, especialmente após a traição ocorrido na URSS após a morte de Stálin e outras rupturas e posições que o mesmo tomou ao longo de sua vida.
Do ponto de vista literário o autor continuou fiel a sua arte popular e preocupada em dar voz e vez ao povo. Mas, vamos ao fragmento:
“Você quer que eu te diga uma coisa? Pouco ou nada sei de teorias. Lembro-me de uma confissão de Gorki, dizendo que nunca tinha lido O Capital. Também eu não li essas brochuras sobre marxismo que os nossos marxistas porretas leem… essas edições reduzidas, pequenininhas e mal traduzidas, essas compilações de O Capital. Eles leem tais coisas em muito más traduções e engravidam de ideologia de segunda mão. Ficam catando regras. Eu sou muito ignorante, nunca li Marx. Eu sou apenas um home que lutou e luta por causas que me parecem justa. Não sou teórico, felizmente, nem erudito leitor dos teóricos”.
Talvez esse depoimento dele sirva pra uma discussão da importância do artista dentro de nossa sociedade bem como a responsabilidade que se é dada para quem decide representar uma classe, seja pela liderança direta ou por meio de uma linguagem como a arte de um modo geral.

 

Um bom Disco Bom

capa do cd de lô Borges

Retratos é uma ótima coleção. Comprei por 6 conto e nunca mais deixei de ouvir. . .

“Retratos” é mais uma dessas coletâneas, tão odiadas por uns e amada por outros. Já ouvir dizer que artista que lança coletânea está perto da decadência ou do esquecimento. Não sei se isso é verdade. Minha história com esse disco é interessante. Minha mãe havia ido milagrosamente ao shopping e me ligou perguntando se eu queria alguma coisa de uma loja de CDs que costumava frequentar. Após me citar dois ou três artistas, pedi para ela trazer o CD do Lô Borges. Admito: nunca tinha escutado nada dele, apesar de conhecer um pouco da história do Clube da Esquina, ouvir Milton Nascimento e ser fã declarado do Beto Guedes.
O que mais me chamou atenção foi o preço do CD: R$6,00. Aquele disco devia estar ali fazia meses, pensei. Eu nem lembro que era foi esse, mas, um CD por aquele preço não era coisa que se via todo dia. O conteúdo poderia ser duvidoso. Pois bem. Esse disco dei de presente para uma amiga, anos mais tarde, após ouvir o mesmo quase que diariamente, religiosamente. Minha mãe se arrependeu de me dar o CD. E não foi fácil me separar dele. A pessoa a quem dei o estimado disco não poderia ser ninguém menos especial e querida.
Ganhei uma discografia do Lô Borges depois. Infelizmente sem aquela coletânea que iniciava com a versão ao vivo de “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo” do disco “Solo” (outra pérola do artista) e terminava com “Canção Postal”, do mesmo disco. Aí tava completo minha interpretação e entendimento da santíssima trindade de Minas: Milton, Beto Guedes e Lô Borges. A voz, a música e a poesia da geração da Esquina mineira.