Os dois Zés que tu curte e respeita…

Dois livros do Pai, José Nivaldo (“Terra de Coronel” e “O Atestado da Donzela”) e do filho, José Nivaldo Júnior (“1964- O Julgamento de Deus” e “O Atestado da Donzela 2”)

coisas interessantes:

  • O Pai, natural de Limoeiro, foi médico em surubim e publicou cerca de 9 livros (se eu não tiver errado). Defensor do regime militar de 64, viu seu filho, José Nivaldo JR, “envolvido” com o movimento estudantil subversivo e até ser preso durante o regime militar. Zé Nivaldo (o filho) é membro da Academia Pernambucana de Letras e tem, além desses dois livros, o maravilhoso “Maquiavel, o Poder”, Best Sellers mundial, e o mais recente lançamento “Tudo Pelos Ares”;
  • O livro “O Atestado da Donzela 2” é uma espécie de continuação-homenagem, onde o Nivaldo “filho”, continua a obra do pai. Coisa inusitada e muito original;
  • Em termos de estilo, prefiro o filho. Ele é mais ligeiro, sarcástico e segura quem lê;
  • Saca um pouco mais sobre esse novo livro, em uma entrevista feita ao jornal A Verdade: http://averdade.org.br/2018/05/jose-nivaldo-tudo-pelos-ares/

Abelardo em Três Clicks…

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Essa foto eu tenho orgulho de ter tirado. Ficou muito linda. “O Artilheiro” é de 1991.

 

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“A Fome e o Brado” é de 1947. Essa foto foi tirada na exposição sobre o autor na Caixa Cultural, no Recife.

 

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“Meninos do Recife” é de 1962 e é uma série sobre uma triste (e infelizmente, atual) realidade de nosso país…

Nossa Cultura é Black, pô…

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Se eu falar sobre Cassiano muitos vão dizer que não conhecem o cara. Pois bem. Faz sentido. Em 1978 ele teve que retirar um pulmão, o que acabou com sua carreira de cantor. Mesmo assim tenho certeza que você já ouviu clássicos como “Coleção”, “A Lua e Eu”, “Primavera (Vai Chuva)” e “Eu Amo Você”. Imortalizadas nas vozes de Tim Maia, Ivete Sangalo e etc.
Nascido na Paraíba mais radicado no Rio de Janeiro, Cassiano montou a banda Diagonais e tocou guitarra na banda de Tim Maia, onde eternizou duas de suas composições (“Eu Amo Você” e “Primavera (Vai Chuva)”). Com sua carreira solo conseguiu emplacar “Coleção” em 1977 e “A Lua e Eu” em 76. Se temos que falar em artistas que trouxeram a música negra que era feita “lá fora” para o brazil temos que falar desse gênio, junto com Tim Maia e Jorge Ben. 

Fotos que nos revelam um mundo…

O nome dela é Camila Mirele. Tinha 18 anos quando caiu “acidentalmente” quando tentava voltar pra casa. 18 anos. Estudava biomedicina na UFPE e era cheia de sonhos. Isso foi em Maio de 2015, mas todo dia, ao passar pelo viaduto em frente da reitoria da UFPE me deparo com uma pichação que me faz lembrar de Mirela. Lembrar que foi o governador e os empresários do transporte público estadual os culpados. Tem coisas que não podemos nos esquecer.

 

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Bom Disco Bom…

Esse não é meu disco predileto do “Dom” Maia. Pra mim o mais legal é o “Voltou a Clarear” de 1994. Ele estava recuperando a fase inicial de seus 5 primeiros discos (depois ele virou um caçador de hits). Mas o Racional é algo fora do comum. No disco mais careta que o Tim fez ele consegue estar mais louco, viajadão, psicodélico e experimental. Essa foi a maior lombra desse gênio chamado Tim Maia. Ele, que nunca cheirou, nunca fumou nem nunca bebeu. . . Só mentia um pouquinho.

 

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Fotos que Nos revelam um Mundo….

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Em 01 de abril de 1964, o comunista Gregório Bezerra foi acorrentado e arrastado pelas ruas de Casa Forte, em Recife. Os gorilas que assaltaram o poder, rasgaram a constituição brasileira e depuseram o presidente eleito pelo voto popular, apresentavam o seu trunfo ao povo e demonstravam assim como seriam tratado aqueles que professassem qualquer outra ideologia que não a do próprio fascismo.

Na ocasião, Gregório tinha 60 anos de idade. Nos dias de hoje seria tratado preferencial e respeitosamente como idoso. Era um camponês destemido. Aprendeu a ler e escrever quando já era adulto.

Dentre todas as passagens desse episódio grotesco, a que mais me emociona é o seu diálogo com o torturador, Coronel Vilocq, conhecido facínora pernambucano.
– Fale, seu comunista filho da puta!, gritou o coronel.
– Coronel Vilocq, respeite a minha mãe!! Ela é uma mulher pobre, camponesa mas é uma mulher honrada e digna.

E o coronel, senhor absoluto da situação, de pronto pediu desculpa ao prisioneiro.

O nome disso é força moral!

Esse relato eu ouvi da boca do próprio Gregório Bezerra, em um comício relâmpago na pracinha do Diário de Pernambuco, em 1982, após ele ter retornado do exílio nas asas da anistia.

Faço esse registro para lembrar que nesse 1 de abril, em 1964, esse país foi lançado às trevas mas houve homens e mulheres que não se dobraram.

Desculpe-me o poeta Cazuza, mas os meus heróis não morreram de overdose. Eles morreram lutando.

DITADURA NUNCA MAIS!

(Texto extraido -sem data vênia- do poeta Pedro Laurentino Reis Pereira)

Bom Disco Bom….

kim

Esse é um disco muito especial pra mim. “Coração Aberto”, do Kim (psicólogo de formação, letrista da banda Catedral e um carioca chato pra caramba) foi seu terceiro disco solo, lançado em 1996. Não é o melhor disco de sua carreira nem o meu preferido, mas me trás lembranças de minha infância. Difícil ouvir esse disco e não recordar a minha infância é impossível. Minha irmã, Nice Nascimento, escutava esse álbum numa fita K7 terrivelmente, repetitivamente. Ao ponto da gente saber todas as letras de cor e salteado.
Esse CD tem uma sacada histórica interessante: a banda Catedral sempre viveu uma história de amor e ódio com as lideranças eclesiásticas das várias denominações evangélicas. Presbiterianos, calvinistas, reformistas, a banda era mal vista pelos líderes, que possuíam sobretudo um medo do poder que a influência do grupo tinha na juventude. Não é se se espantar que a banda foi o maior fenômeno musical da chamada música gospel. Na verdade podemos dizer que foi o Kim, seus dois irmãos e o amigo Guilherme morgado, produtor do primeiro disco da banda, de forma independente (lá nos idos dos anos 80) que inventou o que entendemos hoje como música GOSPEL.
Detalhe: o cenário musical cristão É e sempre foi muito reacionário e conservador. Aí vem os caras com influencias claras de U2, e outras bandas, além de ser um clone (como definiu a MTV) cristão da Legião Urbana. O sonho do Kim era ter nascido Renato Russo. Fato. E isso causava medo nos pastores de proibir a juventude de ouvir as músicas dos caras, tidos como ‘gospel rock’.
Fato é que, quando a banda vinha tocar nas grandes capitais (os caras são do RJ) era comum estamparem as primeiras páginas dos grandes jornais, irem para os programas de TV locais de maior audiência e terem os ingressos esgotados em horas. Era algo assustador de fato. O Geraldão, no Recife, por exemplo, era casa costumeira pra receber o show dos caras, onde a galera chegava a madrugar, dormir em aeroportos para receberem os músicos ou fazerem filas para comprar ingressos ou comprar os discos ou fitas do grupo (eu mesmo já fiz isso). E o que isso tudo tem a ver com esse disco do Kim? Em 1996 a banda tava no auge: maior cachê, CD custando R$19,90 (gente, isso era uma fortuna), turnê Internacional e tudo. Aí tentaram dar um golpe na banda, sobretudo temendo a dominação da juventude. Inventaram que a banda era da Nova Era, que o Rock era coisa do diabo (o livro “a mensagem oculta do Rock” era livro de estudo em algumas denominações. Curioso? Falo dele aqui em meus álbuns.) e os jovens não deviam ouvir os caras.
Aí o Kim lança esse disco. Fim de 1996 se não me foge a memória. Eu era um guri. Não lembro direito e não fui buscar isso na net. Dá até pra fazer um artigo sobre esse tema. Vários. Aí o Kim lança esse disco, com duas músicas que se tornaram clássicos, fizeram TODO mundo curti a música dele e quebrou as pernas dos pastores que não suportavam ele dando cutucada na igreja pros jovens. “Por amor” é aquela música que sua mãe e sua avó sabia cantar. Aquela música que tocou mais do que parabéns pra você. Outra: “Karen”. Música feita para a filha do cantor. Quebrou todo mundo. Sem barba, de Branco, com essa cara de “Paulo Ricardo” misturado com Roberto Carlos, quem não ia comprar um disco desse? Detalhe: não tinha essa de música de trabalho. Você ligava pra rádio e pedia a música que você queria ouvir. Já viu né? Todas as músicas do disco estouraram. digaí!!
Aposto q tu num sabia dessa né? Minha irmã e eu chegamos a tentar contabilizar um dia quantas músicas da banda ou do Kim Solo tocavam na rádio cristã de maior audiência num dia. Desistimos. Não lembro dos resultados, mas era disparado oq mais tocava e se pedia nos horários de pico e especiais de fim de semana. Tudo isso numa época onde não se tinha Internet, a gente mal via TV, dizíamos que o Kim cantava daquele jeito porque era PRIMO legítimo do Renato Russo e a gente tinha que imaginar como era a cara de ambos, porque não tínhamos acesso a Maiores meios de comunicação sem ser a rádio. Bons tempos.

PS: “Meu coração”, “é com você que eu vou” são musicas maravilhosas.