A banda Catedral e a Falsa Polêmica

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a banda completa 25 anos em 2013

Quando a banda Catedral decidiu “desrotular” sua música, tocando para todos os públicos, tal iniciativa soou, aos olhos de muitos, como algo além da ousadia. Em 1999 a banda lança o CD intitulado “A Revolução”, trazendo no encarte a informação que todos, na prática, já sabiam: a banda fazia um som sem rótulos, aberto e para todos que desejassem escutar. De fato, a banda Catedral sempre agregou em seu público não só cristão, mas também uma juventude afim de um bom show, uma boa música. Era comum nos shows da banda, por exemplo, encontrar inúmeros fãs da Legião Urbana ou de outros seguimentos. Segundo o vocalista da banda, em uma entrevista antiga “A banda sempre foi muito plural.” Era exatamente esse “plural” que incomodava.

                                A musica cristã e a censura

O seguimento religioso sempre foi um ambiente complexo para a música. O próprio termo “Gospel” era visto com outros olhos pelas lideranças das igrejas e, consequentemente, a mídia cristã. Uma das poucas coisas que se falam no meio evangélico é sobre a censura. Ora, para um determinado artista tocar sua música nas rádios existe todo um pré-julgamento, uma pré-seleção onde, infelizmente, prevalece a origem denominacional do artista em detrimento de sua arte. Ou seja, não basta ser um bom músico, ter um trabalho coerente, o que determina se uma música vai tocar nas rádios, ou se os fieis poderão (ou não) escutar determinado artista depende de outras decisões pré-estabelecidas, algumas que fogem dos critérios habituais.
Bandas como Fruto Sagrado ou cantores como DJ Alpiste eram censurados previamente em diversas rádios do país. João Alexandre, grande nome da música cristã e grande músico sempre foi visto como um “rebelde”, tendo sua música pouco divulgada até hoje, sobretudo por seguimentos mais conservadores. Um dos maiores casos de censura por meio do seguimento evangélico foi nos anos 90, com a cantora Aline Barros. Várias rádios e igrejas simplesmente proibiram os fieis de cantarem suas músicas nas igrejas ou, simplesmente, comprarem seus discos. Algumas rádios ligadas a essa ala “conservadora” simplesmente pararam de tocar as músicas da artista. O motivo: ela teria ido ao programa da Xuxa e a chamado de “Rainha”.
                         

                             Aí surgiu a força da música Gospel

A chamada música Gospel ganhou força no Brasil a partir do final dos anos 80. Inúmeras bandas e grupos musicais surgiram, criando um novo momento e cenário para a chamada musica cristã. O termo Gospel não tem nada demais (Gospel vem do inglês e significa “evangelho”) mais gerou muita confusão por parte de alguns líderes religiosos. Fruto Sagrado, Resgate, Katsbarnea, Oficina G3 e Novo Som são alguns exemplos da chamada nova música evangélica, “Gospel”. A banda Catedral surge nesse momento. Em 1988 o grupo lança seu primeiro LP, intitulado “Você” e logo atrai atenção por sua música diferenciada. A banda ia mais além da simples panfletagem religiosa, ou da evangelização propriamente dita. Com arranjos bem elaborados e letras bem escritas a banda logo atraiu a atenção da juventude. Em pouco tempo a banda já era a novidade na chamada música gospel, mesmo sem usarem esse termo abertamente. Eram outros tempos.
 
                         A banda Catedral e o ódio silencioso

Em pouco tempo a banda já se apresentava como o maior artista do meio cristão. Sua música tocava em todas as rádios do país e o grupo fazia shows cada vez mais lotados e nas maiores casas de shows das capitais. Em 12 anos de mercado Gospel a banda realizou tudo que era possível enquanto artista se enquadrando como um dos maiores fenômenos musicais até hoje desse seguimento. Claro que esse espaço não foi conquistado apenas pela simpatia aos músicos: a banda produz um disco por ano, Kim, o vocalista possui uma carreira solo e a própria seleção musical do grupo conseguia atrair um público realmente diverso. Isso causou certo medo por parte de certas denominações e lideranças da época e como não podiam atacar abertamente o grupo por medo de perder fieis, sobretudo os jovens, resolveram atacar silenciosamente. Em 2001 a banda passa por um processo difícil. (Uma entrevista a um site intitulado “Usina do Som”, extinto), declarando que a banda teria “negado suas origens religiosas, indo ao programa do Jô, entre outras coisas”. A matéria durou pouco tempo em circulação, mesmo assim, de uma maneira até hoje desconhecida, todas as rádios, igrejas e lideranças religiosas do país receberam seu conteúdo e, em dias, o cerco ao redor do grupo estava feito. A banda foi praticamente banida do mundo gospel.

              Antes de ser Para todo mundo houve uma Revolução
           
            Discos e CDs quebrados, encartes rasgados, fotos queimadas pelas ruas. Tudo parece uma cena de filme de terror, mas não foi. As rádios liam a nota sobre a saída da banda Catedral do meio gospel várias vezes ao dia. As rádios já não tocavam mais as músicas do grupo, as lojas não vendiam mais os CDs e, nas igrejas, a juventude era advertida a “livrar-se de tudo que fizesse menção ao grupo”. Lembro de achar, na rua, um encarte do CD “O Sentido”, de 1995, rasgado e levar pra casa. O, porém é que, em 1999 a banda já não era mais considerada um grupo estritamente Cristão. A própria gravadora havia impulsionado a banda a ampliar seus horizontes musicais. Aliás, já no início dos anos 90 a banda queria desrotular sua música, levando sua arte para todos os seguimentos. Em 2000 o grupo lança seu primeiro trabalho fora de sua antiga gravadora, (MK) com um título bastante sugestivo: “Para Todo Mundo”. A música de trabalho andava bem (Uma Canção de Amor Pra você), porém, aparentemente, o sucesso do grupo não deixou sua antiga gravadora feliz. Ela mesma divulgou a nota que deixou a banda em uma situação bem ruim, especialmente com os fãs.
A banda acabou tendo que começar tudo do zero, mostrando-se como ama banda realmente nova para o grande mercado. O outro lado da história, a versão grupo, já não importava para o novo momento. O que o público não levou em consideração foi o fato do grupo já ter feito tudo que se podia na música gospel. Catedral era, de longe, o grupo mais bem pago e mais premiado da história da música evangélica. Os shows da banda eram de lotar estádios. A mesma gravadora que lançou a banda para o mercado secular também cuidou de manchar o nome do conjunto. Até hoje, por exemplo, há antigos fãs que juram terem visto a banda dando entrevista no programa do Jô, coisa que nunca aconteceu.
Hoje, com quase 25 anos de formação, o grupo já superou todo tipo de barreiras, Tendo gravado vários discos, DVDs e fazendo shows por todo o país, a cada dia se amplia sua influencia na música nacional e abanda vem vencendo barreiras.

Independência ou Morte?

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“O Brasil é o país do futuro?”

           Enquanto os homens exercem seus podres poderes índios e pobres, negros e mulheres, operários, estudantes conscientes e uma multidão chamada “sem foco e sem móvito”, segundo as páginas das revistas “especializadas” ou da imprensa “neutra”, tomas novamente as ruas, reescrevendo o sentido do termo nacionalismo, modificando o fazer político de uma nação inteira. O Brasil não é mais conhecido apenas como o país do futebol ou do Carnaval.

O Gigante, que nunca esteve dormindo, sabe dos mais de 200 milhões de trabalhadores desempregados ao redor do mundo e que desses, 75 milhões são jovens. Contrariando a mídia, a resistência persiste desde os nativos, em 1500, aos negros dos Quilombos, das revoltas contra o império como a dos Alfaiates (1798), à Revolução Pernambucana (1817), Confederação do Equador (1824), passando pela luta contra a Ditadura Militar (64-85), as Diretas Já, O Fora Collor e as recentes manifestações de junho que tomaram o país de norte a sul, de leste a oeste, do litoral ao sertão.

Se há um povo que luta e nunca se conformou com a sua situação de exploração, esse é o brasileiro. Dizem que “não gostamos de política”, que “tais mobilizações são apenas moda” e, a cada dia, colocamos essa mentira pra fora de nossas portas: Sepé Tiaraju, Zumbi dos Palmares, Cosme Bentos das Chagas, Tiradentes, Manuel Faustino dos Santos, Frei Caneca, Antônio Conselheiro, Lampião, Carlos Marighella, Manuel Lisboa de Moura, Lamarca, Honestino Guimarães, Cleto Campelo, Vladimir Herzog, Soledad Barret, Margarida Alves, Odijas de Carvalho, Emmanuel Bezerra e tantos outros heróis de nossa história não vacilaram em suas convicções de luta por um país verdadeiramente democrático.

A falsa Independência, proclamada em 7 de Setembro de 1822, não passou de mera formalidade. O imperador continuou sendo Dom Pedro I, filho de Dom João VI, que passou seu trono para o filho Pedro II, de “apenas cinco anos” (?!), voltando para Portugal em 7 de Abril de 1831. Até o novo imperador poder governar, isso aos 15 anos, passamos pelo chamado Período Regencial. Nessa mesma época “contraímos” a chamada Dívida Externa.

Hoje, a 6° economia do mundo, que possui um PIB de R$4,4 trilhões, vende seu petróleo a preço de banana, privatiza seus aeroportos, aluga seu território para a corrupta FIFA e entrega 43,98% de seu orçamento para a “Dívida Pública” (a mesma dívida que foi paga, segundo o governo, várias vezes em 2005). Contraditoriamente a união destina míseros 4,17% na Saúde, 3,15% na Assistência Social e vergonhosos 3,34% na Educação. Com esses dados não é difícil entender porque a 6° economia do mundo está em 88° lugar em educação, possui um dos impostos mais caros do planeta, uma saúde pública que mata e apenas 14% de sua juventude nas universidades (sendo 88% dessas instituições privadas).

A 6° economia do mundo é também o 4° maior cliente de contas em paraísos fiscais, e se vende cotidianamente ao capital estrangeiro. O país da Copa também é o país do Mensalão, Tremsalão, dos desvios mais variados de verbas, do dinheiro na meia ou na cueca, país onde Estádios milionários são erguidos da noite pro dia, enquanto os hospitais, as escolas e as universidades caem aos pedaços.

A Reforma Agrária ficou na gaveta, a terceirização só avança, os meios de comunicação, especialistas em marginalizar os movimentos sociais, recebem verbas públicas para continuar sua campanha e alienar, enquanto a seca degrada, a violência se multiplica e as drogas se alastram país a fora. Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), o salário mínimo no Brasil deveria ser, em Maio de 2013, R$2.892,47. ou seja: quatro vezes o piso atual.

Como dizia Bertolt Brecht “Os caídos que se levantem! Os que estão perdidos que lutem!”. Por isso lutamos. Diariamente.  Incansavelmente.

“Você se Pintou?”

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       “Frases feitas, chavões eleitoreiros, belo discurso, coesão, coerência, métrica e rima”. assim poderíamos resumir a postura da senadora Marina Silva, a “talvez” candidata as eleições presidenciais de 2014. O atual momento político do país lembra uma frase do Cazuza, bem propícia à ocasião: “Ideologia, eu quero uma pra viver”. Parece que falta muito disso em nossa distinta “classe política” (e eu digo “classe” mesmo, propositalmente, ou deveria dizer “casta?”). Em véspera de eleição todo mundo se perde, corre de um lado para outro. Acordos, negociatas, contratos de todos os tipos e espécies aparecem, surgem do nada, enquanto a mídia bate em cima, propositalmente, no intuito de entorpecer quem assiste, quem vive e quem passa, colocando de lado os reais problemas de nossa tão aclamada democracia.

Não há compromisso algum na política com “p” minúsculo que é feita, justamente por ser ela um jogo de cartas marcadas. As figuras da ditadura, do coronelismo e a subserviência ainda estão todos aí. Não há nada de novo em Brasília. Partidos representam seus interesses de classe, jogam com a vontade do povo, manobrando corações e mentes. A política no Brasil é podre e decadente justamente por ser oriunda dessa sociedade de classes que vivemos. O debate não se limita apenas entre direita ou esquerda, situação ou oposição. O debate vai mais além, e, é fato: a política atual não resolverá o problema de ninguém; a não ser deles mesmos, essas castas de sábios e magos, detentores dos meios de comunicação e da chamada “mídia especializada”.

Aí vem Marina Silva, com seu oportunismo mole, discurso certinho, falando tudo àquilo que se queria ouvir de, de jeito, tentou mostrar-se como “uma nova novidade”. Não demorou muito e ela “se pintou”, como na música de Dorival Caymmi. O Rede Sustentabilidade não passa de um instrumento de barganha, uma maneira para alcançar seu principal objetivo: chegar ao poder. Ironicamente ele descartou a ideologia do Rede, assim como fez com o Partido Verde, ao se aliar ao rei dos acordos escusos, Eduardo Campos. “Para se ter um partido é preciso ter um programa e militância social; isso nós já temos, portanto, já somos um partido”, disse ela. Porém, após ver sua proposta de criação legal ser descartada abraçou o projeto de Eduardo, o mesmo que consegue aliar-se com elementos da direita, esquerda, empresários, líderes sindicais questionáveis e até figurinhas da ditadura de 64-85. Ele, literalmente, faz mágica. E a mascara de Marina não resistiu.

E o que tem por traz disso tudo? O fato de todos eles, sem exceção, serem meros agentes do capital nacional, mantenedores do status quo, seguidores do mero reformismo superficial, seja por parte do PT, deslocado cada vez mais dos movimentos sociais, seja do discurso reacionário pintado de novo, que de novo não tem nada, é só um capitalismo disfarçado, de Marina Silva, ou o jeitão de governar e “ajeitar as coisas” para os grandes empresários de Eduardo. Quanto ao PSDB não há nem o que se falar. A lógica da direita e sua visão de Brasil não conseguem ser escondidas de ninguém.

Marina se intitula de “nova política”, exalta as manifestações de junho, amacia o ego da juventude, sorri para a pequena burguesia e fica pousando de boa moça ou de boazinha. Na hora de colocar seu principal motivo para pleitear algum cargo em 2014, como aconteceu no Programa do Jô (15 de outubro de 2013): um discurso vazio, cheio de rodeios pomposos, frases feitas, mas uma contradição com sua real conduta. E o povo, onde fica? Qual a resposta para os gritos das ruas, que até agora não deram? Parece que o discurso de que “a crise de representação”,a necessidade de repensar o fazer político” vai vencendo (parece). Enquanto vemos cair as máscaras.

A necessidade de um partido sério, concreto, capaz de guiar e dirigir a classe trabalhadora, lutando lado a lado em busca de uma mudança realmente concreta se apresenta ainda mais. Homens e mulheres sérias, filhas do povo, que entendem a sua realidade e busquem a sua transformação é um pedido antigo, real, objetivo. Caso contrário, ficaremos todo o tempo esperando cair a chuva, acreditando em milagres, colocando nossas esperanças em um sistema falho em uma ditadura fantasiada de democracia, que fala como quem se importa com o que vamos comer no fim do dia. No final das contas, só quem ganha são eles, os donos da bola. No fim das contas só o socialismo, aquele que disseram ter perdido a validade, ficado fora de moda, é a única ideologia e proposta capaz de tirar o Brasil dessa. Só uma verdadeira revolução socialista pode minar o projeto fadado ao fracasso daqueles que estão no poder: sugar nosso sangue e todas as riquezas de nosso país até não poder mais.

“Orgulho de ter me formado em Cuba”

cuba medicina

A medicina cubana está entre uma das melhores do mundo

     (Conversamos com Vítor Patriota, médico Pernambucano. Ele participou do ato contra Yoani Sanchez no ano passado, quando a mesma chegou ao Brasil Vítor formou-se em Cuba e nos deu um depoimento sobre a medicina cubana e sua visão da ilha socialista)

 

Pá Pu Blá!- Quanto tempo você morou em cuba e o que mais te marcou nessa experiência?

VítorMorei seis anos e meio em Cuba um país lindo. Um país que, apesar de pequeno, possui uma enorme grandeza e solidariedade por conta de seu povo. Sem dúvida foi a maior experiência da minha vida. Um povo que divide o que tem, mesmo que seja pouco.

Ppb!- Há uma polêmica sobre a formação acadêmica cubana, especialmente quando se fala no programa Mais Médicos. Como você analisa, hoje, já exercendo a profissão, sua formação acadêmica?

VEu recebi uma formação humanista, solidária. Aprendi a ser um médico do povo, trabalhar com o povo e para o povo. Ir onde o povo está. A diferença que há nos médicos cubanos dos demais é que, lá em cuba, o jovem se forma pra realmente servir, não para ter apenas o status da profissão.

Ppb!- quando a Yoani Sanchez veio ao Brasil, desceu logo no Recife, onde foi recebida por protestos contra sua pessoa. Você foi um dos que estavam entre os ativistas defensores de Cuba; qual a sua opinião sobre ela e sobre essa propaganda que se faz em torno da ilha?

VYoani se intitula “dissidente”, mas, na verdade, é uma mercenária. Ela recebe dinheiro do imperialismo Norte-americano para difamar Cuba. E eu falo por experiência própria, de quem viu e viveu, de perto, a realidade daquele povo.

Ppb!- você acha que essa “fama” que tem em torno da ilha é algo fabricado então?

V- claro! É como o caso da Yoani: é mais uma mentira divulgada pela mídia pra difamar as conquistas do socialismo. Ela mesmo é uma falsa heroína, assim como tentam difamar os avanços conseguidos pela medicina cubana, todos confirmados pela imprensa internacional, mesmo burguesa, ou órgãos que não são socialistas, como a ONU.

Ppb!- qual a sua opinião sobre a ilha?

Veu só tenho que agradecer. A Fidel, ao povo cubano, um povo que me acolheu e me fez ser um médico do povo, um profissional de verdade, disposto a trabalhar e ajudar meu país.

A Cuba que a Mídia não Mostra

Bruno exibe sua admiração pelo país socialista

Bruno Abreu, Orgulho pela história de Cuba.

     (O “Pá Pu Blá!” Conversou com Bruno Abreu Melo, estudante da UFPE e secretário geral da União dos Estudantes de Pernambuco (UEP). Ele esteve em Cuba, recentemente. Conheceu lugares, conversou com os moradores, tirou fotos e filmou vários depoimentos dos cubanos)

 

Pá Pu Blá: – Dizem que a primeira impressão é a que fica. Qual foi a impressão que você teve da ilha?

Bruno: – Eu participei da 3° Conferência Internacional pelo Equilíbrio do Mundo, foi um evento muito rico, pude conhecer bem o dia a dia, a cultura e os costumes do povo cubano. Lá não seguimos a rota do turismo; ficamos bem à vontade para conhecer, conversar, andar no meio do povo e conversar, direto com eles. Eu estava muito curioso para ver de perto, tirar minhas dúvidas, comprovar se aquilo que lemos e ouvimos é mesmo verdade ou mentira. A primeira impressão que eu tive foi de que lá é um país muito tranquilo. Lá, por exemplo, não vi essa correria como é aqui: engarrafamento, medo de ser assaltado, medo de chegar atrasado. As pessoas lá vivem de um modo muito calmo.

Ppb!- As pessoas são calmas? Como assim? Calmas no sentido de tranquilas ou passivas?

Bos cubanos vivem tranquilos. Não há violência nas ruas, quase não se vê polícia nas ruas, as pessoas não vivem com medo: medo de perder o emprego, medo de não conseguir matricular o filho na escola, medo de não entrar na universidade, medo de morrer numa fila de hospital, como aqui no Brasil ou no resto do mundo.

Ppb!- Então, como foi a recepção desse “povo tranquilo?”

BÉ um povo muito feliz, bem humorado, fruto de uma vida segura, onde as condições básicas para se viver existem. A alimentação lá é muito barata, o custo de vida lá é muito baixo, em todo o lugar. Uma passagem de Ônibus, mesmo, é baixíssima. Acho que foi a passagem mais barata que eu já paguei. A passagem lá equivale a e centavos nosso.

Ppb!- Fale mais sobre essas condições de vida…

B- O arroz, o feijão, tudo isso custa muito pouco. Centavos. Muitas empresas possuem ônibus para levar seus funcionários para o trabalho, muitos países “amigos”, doam ônibus e outros veículos para a ilha, ou seja, tudo é feito para o bem comum, para o coletivo. O governo garante a manutenção real da população. Os bens básicos, saúde, lazer, moradia, cultura, educação, comida, não faltam para ninguém. É uma prova de que o socialismo realmente resolve os problemas da sociedade.

Ppb!- Você falou do governo. Como é que o Cubano ver a imagem de Fidel?

BO povo possui um grande respeito e admiração a Fidel e seus heróis, como Che, Camilo, José Martí, e Célia Sanches. Chega a ser uma admiração maior que Lula no Brasil. É um povo que conhece, de fato, sua história. Não há ilusão quanto ao “mito” que se fez, no mundo, em torno de Fidel Castro. É uma admiração consciente. Quando Fidel decidiu fazer uma revolução em Cuba, não fez sozinho. É algo ideológico, classista. O povo cubano decidiu, juntos, mesmo enfrentando esse bloqueio econômico terrível, construir seu país, livre, independente e soberano.

Ppb!- Aqui no Brasil, quando a mídia fala sobre Cuba, logo vem uma imagem em nossa cabeça de fome, pobreza, miséria… Esse bloqueio econômico não dificulta a vida do povo cubano? Há vários registros de cubanos que saíram do país.

BComo eu falei: é algo ideológico. A consciência do povo cubano decidiu enfrentar seu dia a dia e construir seu país. Lá, é claro, há suas dificuldades, como todo país tem, o que acontece é que a lógica é outra. As relações sociais são de colaboração, não de exploração. Uma das grandes vitórias da revolução foi banir a propriedade privada. Há os que são contra, os que querem possuir mais do que os outros, os que não querem trabalhar, por exemplo. O fato é que, enquanto o povo trabalhador anseia por melhores condições de vida, saúde e educação, lá em Cuba isso é uma realidade. E essas conquistas vieram da luta do povo cubano. Não foi dado de graça.

Ppb!- Aí eu vou ser obrigado a fazer aquela pergunta: por que você não vai morar lá?

B– (Risos) Essa é velha! Cuba já fez a sua revolução. Temos que fazer aqui a nossa. Aqui.

Ppb!- Você admite que em Cuba também há problemas… há também oposição, como no caso da Yoani Sanchez. Qual a opinião do povo cubano sobre ela? Você viu isso também?

BUma das maneiras de desgastar e falar mal da ilha é colocar alguém lá, um espião. O nome é esse mesmo. E ela não é nada mais que isso. Não era ninguém até ser “contratada” para difamar o governo socialista e criar um clima. Ela é desprezada pelo povo em geral. Quando perguntei sobre ela o povo faz logo uma cara feia. Todo mundo lá confirma as mentiras que ela fala. Ela é tida como “persona non grata” pelos cidadãos cubanos. Um dos motivos principais, além das mentiras, é que ela não trabalha. Todo mundo falava logo disso: chamando ela de preguiçosa.

Ppb!- Uma das maiores acusações que ela faz a Cuba é que lá não tem liberdade. Foi isso que você viu?

BOutra verdade pregada pela mídia burguesa. Isso é pro povo ficar confuso, não querer lutar, não querer seguir o exemplo dos cubanos. Ela diz que lá não tem liberdade alguma? E o blog dela, é o que? Quantas viagens ela já fez pelo mundo? Ela não fala que lá é uma prisão? Por que ela simplesmente não é presa, morta ou some? No fundo ela não representa ameaça alguma é só mais um fantoche da CIA. Dizem que o povo lá não é livre, que o povo vive numa ditadura… vamos lá; e o Brasil, que é uma democracia: quantos brasileiros podem sair do Brasil? Eu mesmo não posso. Você pode? Se há um país onde o povo é, de fato, livre, esse país se chama Cuba. Fiquei ainda mais convencido de que o socialismo é real e possível e que a mídia, dominada pela direita e seus peões só fazem mentir sobre aquele país, realmente livre.

Um Mito Chamado Che Guevara

"Hasta la victória!"

um comunista revolucionário

     Che Guevara. Eis um nome que causa debate seja onde for pronunciado. 46 anos depois de seu assassinato, ainda é figura polemica e encontra-se presente, mesmo que muitos não queiram, em revistas, livros, filmes, bandeiras partidárias e não partidárias. Che tronou-se um ícone, uma figura pop, mais que um símbolo político, uma marca qualquer, um produto de venda. Mais famoso que muitos artistas de Hollywood, Ernesto Guevara de Serna continua vivo, mesmo sem aparecer nas capas das principais revistas ou nos filmes do momento, nem muito menos nos noticiários e novelas, aliás, em alguns lugares, como nas embaixadas americanas, o uso de sua imagem é totalmente proibido, tamanho ódio que certas autoridades ainda guardam desse médico argentino, que se tornou mais que um símbolo, um exemplo vivo da luta do povo oprimido em busca de sua liberdade.

                                                             

 Antes de Che, Ernesto

            Ernesto Guevara nasceu em 14 de junho de 1928, em Santa Fé, província de Rosário, Argentina. Seus pais, de classe média alta, possuíam uma postura bastante progressista, apesar da situação econômica, o que iria influenciar mais tarde seu futuro. Com uma profunda vontade de contribuir com a sociedade, mas sem um caminho traçado pra si, mesmo tendo um futuro de médico à sua frente, Ernesto decide “ver de perto as pessoas, conhecer o mundo, saber o que a vida lhe guardava”. Pega uma moto, sai, junto com seu amigo Alberto Granado, por boa parte da América do Sul, em busca de se encontrar (o filme “Diário de Motocicleta”, do brasileiro Walter Salles, de 2004,é uma ótima dica para quem deseja conhecer os primeiros passos e sua trajetória).

     Em 1955, depois de participar de diversas manifestações e levantes pelo mundo, o jovem médico conhece Fidel Castro, na cidade do México. Ele parece ter encontrado aquilo que procurava. Foi nessa época que ele recebe o apelido de “Che”, devido à forma como chamava a todos (“Tchê”, como falamos aqui nos Pampas). Desempenhou papel importante durante a guerrilha em Sierra Maestra, contra o ditador Fugêncio Batista, tornando-se ministro da economia, posteriormente.  Mesmo assim não ficou satisfeito. Queria levar a revolução para toda a América Latina. Em um gesto de estrema bravura e abnegação, deixa Cuba, secretamente, e vai para a Bolívia, onde é assassinado a mando da CIA, em oito de Outubro de 1967. A figura de Che Guevara inspirava tanto ódio por parte das elites que, mesmo depois de morto, foi tido como perigoso. Esconderam seu corpo, isso até 1997, trinta anos depois de sua morte.

Che. Vivo, mesmo depois de morto 

            “Não houve nenhum momento de descanso. Mesmo nas horas de folga, se entregava aos trabalhos voluntários, procurava sempre ser um exemplo para todos em todos os momentos. O Che era uma pessoa de infinita confiança e fé na humanidade. Era um exemplo vivo. Era uma pessoa com grande espírito de sacrifício, capaz de qualquer tipo de abnegação”, disse Fidel Castro, em discurso em homenagem ao amigo e companheiro. Se a intenção em matar Che era impedir que o mesmo utilizasse o julgamento como meio de propagar as ideias comunistas de liberdade, assim como fez Fidel, em sua histórica defesa “A História me Absorverá”, não deu muito certo. A morte de Che Guevara só ascendeu ainda mais a luta pela liberdade e ganhou o mundo. No Brasil, em plena ditadura, a foto que, mais tarde, seria premiada como a foto mais famosa do mundo, passou a estampar bandeiras, quadros e camisas, exigindo a liberdade. O exemplo tronou-se símbolo e logo ganhou o mundo, dês da América Latina até o Vietnam, que também lutava por sua libertação. Em La Higuera, onde ele foi assassinado, ele é tido até hoje como “San Ernesto”, mesmo não tendo sido religioso.

     Hoje, em plena crise capitalista (a maior da história) onde a mídia exalta a descrença nos partidos, prega a anarquia e o falso discurso de que, as redes sociais, representam o novo momento para o país, mera propaganda enganosa, a imagem de Che Guevara, que sempre representou as lutas dos trabalhadores, seja no movimento estudantil, sindical ou camponês, ganha as ruas com força ainda maior. As inúmeras aparições da imagem do guerrilheiro argentino aumentam vertiginosamente, mesmo com toda a contrapropaganda patrocinada pela mídia e os inúmeros ataques a Cuba e a revolução de 1959. Se, por um lado, crescem os depoimentos, livros, revistas e artigos intitulando Ernesto de “assassino”, “Pai desnaturado”, “Comunista sanguinário” ou simples xingamentos sem argumentos, como “porco fedido”, duplicam-se a quantidade de novos admirados, especialmente entre a juventude e a classe trabalhadora.

  “Ele foi capaz de realizar grandes sacrifícios”    

            Exemplo. Eis a única forma de explicar a atualidade da figura de Ernesto Che Guevara, em uma época onde o “falar” anda tão distante do “fazer”, uma era de homens corrompidos. Recentemente a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) reconheceu seus escritos como patrimônio da humanidade, uma boa forma de homenagear toda sua luta e dedicação à libertação dos oprimidos. Claro que, numa sociedade de classes, tal figura não poderia passar despercebida, assim como não deixaram em paz nomes como Stálin, Kim Il Sung, ou Hugo Chávez. Utilizando o falso discurso dos direitos humanos ou isolando trechos de discursos de Che Guevara, como o da ONU, em 1964, a imprensa burguesa deturpa, distorce e mente, a fim de manchar a imagem revolucionária de Che, sobretudo para a juventude, a qual ele possuía um profundo carinho.

     Alguns utilizam frases falsas, depoimentos mentirosos de desertores ou traidores da guerrilha em Sierra Maestra, para difamar o comunismo. Che é mais um alvo para afastar as massas oprimidas do socialismo científico, único meio de se alcançar uma verdadeira libertação. Outro dia li um artigo falando acusando Che Guevara de “cheirar mal”, como se, em meio à guerrilha, tivesse tempo para fazer essa coisa, aparentemente simples, ou outro texto fantástico, escrito com muita pompa e floreios gramaticais acusando Che por tomar Coca-Cola. “Um absurdo!” dizia o autor, utilizando parágrafos inteiros de Marx e Engels. Os mais “modernos” reformistas de direita afirmam o caráter fora de moda da revolução cubana, como se uma criança morrer de fome a cada 3 segundos, dados da própria ONU, fosse artigo de luxo para se colocar na prateleira.

                                                       

  Exemplo que se tornou semente

 

     O fato é que o exemplo de Che bem como seu sacrifício deixou puras sementes para a humanidade, e seguem brotando cotidianamente. Quem poderia dizer que ilha no Caribe, antes considerado como “esgoto” dos EUA se tornaria exemplo para o mundo inteiro? Só em 1956, mesmo ano em que o governo Norte-americano cortou relações com Cuba e ainda financiou a invasão a Baía dos Porcos, o país viu 1.124.000 cubanos sendo alfabetizados, graças a um ousado plano educacional, fora a garantia de direitos essenciais, como a reforma agrária e a saúde pública.

    Em Janeiro de 98, quando o então Papa, João Paulo II fez sua visita histórica a ilha, um outdoor, instalado próximo ao aeroporto de Havana, chamou atenção do mundo: “Milhões de crianças passam fome; nenhuma delas é cubana”. Os índices de desenvolvimento de Cuba derrubam muitos comentários dos “inimigos do socialismo”, alguns chegam a dizer que o país falsifica dados da ONU, por exemplo, ou que a ONU é comunista. Porém, mesmo com o bloqueio econômico dos EUA, o maior da história, instalado desde sete de Fevereiro de 1962, os avanços nas áreas sociais aconteceram:

  • O investimento na educação é de 9,8%, segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, isso coloca Cuba como o maior percentual entre os 50 primeiros colocados no ranking do IDH. A posição de Cuba é, justamente, a de número 50;
  •   A taxa de alfabetização de Cuba é de 99,8%, batendo países como Itália, Rússia, Portugal, Israel e, aqui na América Latina, Chile, Argentina e Brasil;
  • Em relação à saúde, o país é mais um exemplo pro mundo: Cuba é o país que mais tem médicos, proporcional à sua população (são 591 para cada 100 mil habitantes);
  • A taxa de mortalidade infantil caiu, de 39 para cada mil nascidas vivas, em 1959, para menos de sete (dados de 2006);
  • O modelo cubano de assistência à saúde foi exportado para diversos países. O programa “Saúde da Família”, por exemplo, é uma cópia do modelo cubano;
  • Países que adotaram o modelo cubano de ensino erradicaram o analfabetismo em pouco tempo, como Venezuela e Equador.

     A despeito do que dizem a mídia “especializada” e sua fábrica de mentiras, o sacrifício de Che Guevara não foi em vão, pelo contrário, a cada dia torna-se mais real e concreto. Uma luta que não acabou com sua morte. A juventude possui um exemplo como o de Che Guevara, de luta e vitória, mais do que isso, uma ideologia a seguir, um futuro a ser conquistado e uma batalha a ser travada, pelo bem da humanidade. Como bem disse Fidel Castro, “Sejamos como Che”.