Pra Acordar!

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As recentes manifestações foram apresentadas, inicialmente, como sendo algo isolado, “coisa de vândalo”, de jovens, portanto, sem fundamento ou foco algum. Assim falava a mídia, que, como todos sabem, sempre estiveram do lado daqueles que tem o poder nas mãos. Associar a Globo, o SBT, a FIFA ou nomes de jornalistas importantes, como o de Boris Casoy ou o William Waack, ao CCC, CIA ou a ditadura militar também não é novidade. Primeiro atacaram as manifestações, depois dedicaram horas na cobertura dos fatos, espalhando mentiras, isolando a verdade, atacando quem não devia. Se for pra dizer que os manifestantes são arruaceiros inconsequentes em detrimento da cobertura da Copa das Confederações, lá estavam eles, “os formadores de opinião”. Se foi para aplaudir as multidões que se solidarizaram a causa e engrossaram o caldo e o coro num grito de libertação, lá estavam eles. Tinha mais gente nas ruas do que nas Arenas vendo aos jogos da seleção. Isso não falaram. Em contrapartida, tiraram a novela do ar (que alívio!) para “noticiar” o povo escrevendo um novo rascunho para nossa história. A mídia é boazinha, neutra, coerente? Nada. Estavam só fazendo seu papel. Esconder milhões nas ruas de todo o Brasil é meio difícil.

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O movimento foi “espontâneo”, surgiu por fora dos meios usuais, mas, nem por isso pode ser considerado algo “novo”. É por isso que não dá pra admitir a imposição de alguns em relação às entidades, partidos políticos e organizações do movimento social, que são, queiram ou não os ativistas das redes sociais, pioneiros nessas lutas, seja em época de extrema repressão, como foi a Marcha dos 100 mil, transição como o Fora Collor ou os recentes embates contra os aumentos nas passagens de ônibus nas capitais do país. A negação de uma minoria aos partidos políticos, que a mídia fez questão de pautar, inocentemente, também não é uma novidade nem fruto de uma nova forma de se fazer política. Mesmo em 1917, ano da grande revolução Bolchevique na Rússia, as grandes passeatas se seguiam com a mesma minoria panfletando a desorganização popular em troca de um esquerdismo inconsequente e, esse sim, sem foco.

Passado as manifestações, algumas conquistas se fizeram presentes. É nítido que a consciência da população não é mais a mesma, porém, mais uma vez, a mídia fez questão de colocar seu dedo. As mobilizações agora recebiam o cunho de mero modismo, coisa de jovem sem formação política alguma, algo pontual e passageiro, negando que, cotidianamente há aqueles que lutam por uma mudança profunda nessa realidade, entendendo seu papel nessa transformação. O movimento estudantil, sindical, de bairros, mulheres, culturais e tantos outros ganharam maior fôlego para repudiar o atraso de nosso Brasil e ganham cada vez mais forças.

Em Serra Talhada, mais de três mil pessoas participaram da maior passeata da história do município, pautando os principais anseios locais, articulando as conquistas possíveis. Mais do que participar, a juventude sertaneja ousou construir uma discussão, e houve frutos. Em uma região onde a apatia, o coronelismo, os currais eleitorais, a política como meio de enriquecimento ilícito, e tantas outras coisas mesquinhas ao longo de todo esse tempo, afastou a juventude e o povo do “fazer político”, da participação, trocando a militância política pelo ativismo eleitoral, o que há de mais baixo em relação à política nacional.

Entender seu dever de transformar a sociedade em que vive construir uma alternativa para o futuro, interpretando a realidade em que vive é algo fundamental nesses dias conturbados, onde vivemos a maior crise de toda a história do sistema capitalista. De 2008 pra cá milhões de desempregados, greves gerais na Europa, agitações no Oriente e tantas outras mudanças somam-se com os anseios da juventude brasileira como um todo. Nessa hora, estudar e entender nossa realidade é fundamental, e só uma teoria completa e coerente, como o Marxismo-Leninismo, é capaz de nos guiar para uma verdadeira modificação. O Gigante, como foi dito, nunca esteve dormindo. Nós também não podemos seguir outro raciocínio. É a hora de sair das redes, ganhar as ruas, não pelo puro passeatismo, mas aplicar em nosso dia a dia uma verdadeira forma de mudar, radicalmente, com nossa situação.

 

 

Aumentar os investimentos na educação e na saúde, diminuir os gastos com coisas secundarias, acabar com a corrupção e outras tantas reformas não basta para resolver nossa situação de fome, miséria e pobreza, mesmo vivendo na 6° economia do planeta. Apenas uma revolução popular, real, consequente e consciente porá um fim e toda essa incerteza. “Onde estão nossos grandes homens? onde foram suas grandes ideias?  
Quem são nossos grandes amigos? Quem cuida do índio e do homem do campo? Quem mata o índio e o homem do campo?”

Todas essas respostas estão aqui, bem em nossa frente, clamando para que algo realmente se modifique. Em nossa consciência uma contradição que precisa ser resolvida: esperar que tudo se resolva sozinho, cuidando de nossas vidas, reproduzindo o velho individualismo, ou construir o amanhã hoje. Estamos vivos? Cabe a nós transformar a humanidade. Há tanta coisa que podemos fazer. Comecemos pelo simples exigindo o impossível.

2 thoughts on “Pra Acordar!

  1. Excelente texto! Realmente não dá para mudar a história do nada, tem-se a necessidade de se está embasado em uma teoria e o socialismo científico é a melhor. Além disso, o papel da mídia, a saber, ofuscar a verdade, fica claro no texto. Há muito para ser feito e a conclusão resume bem isso: “Comecemos pelo simples exigindo o (que parece-acrescento) impossível”.

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